sábado, 28 de junio de 2008

Do Teu Efeito em Mim...

Foi naquele tempo em que os meus olhos não pareciam mais meus
Que aquele sorriso outrora desperdiçado salvou os meus dias,
Colhi-os um a um, daqueles que deixaram cair pelo chão...
E aquela alma opaca (que tudo via em preto e branco)
Passou a amar como nunca o fez até então.
E o coração esmiuçado era outra vez um inteiro!

Porque se dar sem sentir medo é praticamente impossível
Mais ainda num mundo com tanta gente gelada,
Mas entre os meus maiores orgulhos de ti
Está o de teres confiado em mim primeiro – devo-te essa!
E confiar como eu não sei se poderia fazer
No nosso princípio, (sim!) no arraigar da tua bandeira no meu peito:
Terra conquistada é terra conquistada e fim de papo!

Foi naquele tempo que encontrei no teu rosto o tal tesouro escondido
E nos abraços o cobertor de lã que afastaria o frio do meu inverno interno.
Foi ali que desejei pela primeira e última vez não receber mais uma chance
(Mas a tive “goela abaixo”, ainda bem!)
Pra viver tudo diferente, sentir tudo de outro modo...
Foi ali que eu me perdi pra você completamente e para todo o sempre.
Foi assim que eu quis outra vez viver!

E eles ainda andam por aí, esses [...] os doutores!
Buscando cura pros que já ouvem o tilintar do fim dos seus tempos.
Mas se eles soubessem da cura que há na luz daquele olhar!
Ah! Se eles soubessem do efeito daquele sorriso!

Cá entre nós:
Aquela é minha cura!
Os olhos apagados refletem mais que a luz do sol,
E por mais fria que a terra esteja, aqui é sempre primavera.


Por Dani Cabrera

jueves, 26 de junio de 2008

Do Coração que Ainda Bate...

Dizem por aí que certa vez ela lutou contra três dragões que tentaram roubar a paz de sua aldeia, e que com apenas uma palavra levou-os ao chão. Dizem sobre aquela beleza forte, os cabelos longos, as palavras firmes dela, o vigor dos olhos castanhos: era uma heroína!

Mas um dia, um dia – dizem eles com um tom de quem põe ponto final na história - um dia ela sucumbiu...

Disseram-me que era caso perdido, e que pra encontrar algum rastro sobre aquela vida eu deveria subir duas colinas ao norte, dobrar a terceira ruazinha e ali haveria um chafariz, um largo abandonado e em seguida uma porta de madeira velha. E ali eu deveria bater.

Atravessei as colinas verdes, e alto ali ainda percebi ao longe uma casinha rodeada de coisinhas coloridas que eu não sabia ainda dizer o que era.

Dobrando a segunda ruazinha achei uma fonte de águas limpas, senti um perfume diferente, e em vez de um largo abandonado encontrei um jardim com as mais lindas flores que os meus olhos já viram.

Ali ao lado da porta encontrei uma vinha e algumas macieiras, vi um campo de girassóis ao longe e percebi uma moça, só, estendendo roupas no varal.

Acenei para que me visse e veio então ao meu encontro.
Estendendo as mãos para o cumprimento, ofereceu-me um sorriso. Percebi uma cicatriz não muito grande no canto direito da mão e olhei logo para os olhos porque sabia que ali se escondia o vigor que eu ouvira falar.

Era ela.

Desta vez sem espadas, sem palavras mágicas, sem escudos e roupas de couro. Era só uma jovem mulher, com roupas de algodão, pés finos, mãos macias e uma flor do lado direito, nos cabelos...Parecia-me uma simples mulher, e não me perguntem onde foi parar todos os ditos super poderes!

Depois de um tempo tão intenso de lutas e de glórias, de tanto ser aclamada pelos que a cercava, seu coração sangrou e quis amar, mas era tarde. Deixou as lutas, os almejos de ser a salvadora do mundo, e decidiu salvar a própria vida. E assim foi deixada por todos que amavam a vida só e perigosa dela, inclusive os dragões que se divertiam em prendê-la numa vida supra-humana sem sentimentos.

Passou a viver ali cultivando flores, cuidando de si e do que sentia.
Seu amor se foi com outra, mas assim como ela tem a certeza que um mais um são dois, ela diz com toda a força de seu coração: Ele há de voltar!

E percebendo que eu a reconheci, me disse assim:
- O amor é morte pra quem perdeu a esperança de ser feliz.

Foi a moça mais esperançosa que conheci.
E por conta de sua persistência, hoje divide toda a sua calma com aquele amor que foi um dia mas voltou para todo o sempre.


Por Dani Cabrera

domingo, 22 de junio de 2008

Das Explicações do Inesitante...

Talvez tenhamos mesmo absorvido o comportamento daqueles que amam brincar nos plays de qualquer lugar, a despeito de segurança ou perigo. Porque esses pequenos sabem se dar sem se preocupar com possíveis “tombos”. São puros. São crus.

E assim seja, por conta disso que se chama amor (leia-se amor mesmo, e “amor de verdade!”). No amor sempre haverá verdade.

Esse amor é assim.

Eu sou, você é.
Por isso não hesito assumir que sinto a tua falta por onde quer que eu vá: ali sempre sobra um vazio imenso se você não estiver.
Por isso meu coração dispara ao ouvir aquele timbre diferenciado quando o meu móvel toca: É você, e o meu “alô” é sempre um sorriso adocicado.
Por isso amo todos aqueles recadinhos nos finais de noite, e derreto-me ao ouvir palavras que eu sei que são pra mim e pra mais ninguém.
Por isso amo esperar-te, ainda que seja para um breve abraço – sempre apertado - e pra olhar aquele sorriso que me salva o dia... E a noite, e a vida!
Por isso enfrento avalanches, escalo precipícios, e aprendi dançar sobre vulcões.
Por isso fico desbotada quando nos desencontramos pelas ruas - raras são as vezes, porque teu coração costuma saber onde o meu está. E amo ver a plaqueta do teu mensageiro subir; me despeço com pesar quando as letras azuis me aparecem.

Por isso minhas lágrimas e meu sorriso têm liberdade de ir e vir diante dos teus olhos, e por isso minha boca não mede elogios, nem por medo nem por timidez.

Por esse amor ser assim, não consigo enxergar a mínima possibilidade de você não estar ao meu lado eternamente. E não tenho medo de cantar a canção de amor explicativa de Roberto. Por isso não me sinto uma boba ao te escrever todas essas coisas e sei lembrar de você com ternura ainda nos dias difíceis.

Por isso os meus braços não se cansam de abraçar os teus, todas as rosas e seus aromas me lembram a mesma pessoa, e todas as mais lindas melodias me fazem suspirar.

Por essa e por outras, confesso:
Como te amo nunca amei a outro alguém!


E subjugando meu orgulho, completo:
E também nunca vou amar...


Por Dani Cabrera


"...what I'm Feeling in my soul [...] is brighter than sunshine..." [ Aqualung]

sábado, 21 de junio de 2008

Da Composição Mais Linda...

Perdoe-me Chopin
E todos os clássicos em suas notas gloriosas!
Perdoem-me todas as vossas habilidades e anos de estudos “a ferro”.
Perdoe-me Janis, Hancock, James...
Perdoe-me Jonh, Elvis, Elis, Chico
Perdoe-me a "Maria" de Milton,
A "Garota de Ipanema" de Tom...
Perdoe-me Marisa, Cazuza e Nara,
Hanne, Vanessa, Yael...
Perdoem-me todos os mestres sentimentais
Os gênios da expressão e da melancolia
As grandes orquestras
Os anjos que cantam...
Todos vocês - não me levem à mal,
Porque a canção mais linda que meus ouvidos já escutaram,
Foi meu nome sussurrado pela voz do meu amor!
(Porque o som daquela voz é um beijo no ouvido!)

Por Dani Cabrera

miércoles, 18 de junio de 2008

Da Espera Bem Sucedida...

Ela sabia que o mundo daria três voltas e que depois disso, aquela flor nasceria.
Ela esperava, sentia o “intenso” de cada minuto. E esperava.
A terra ainda cobria o grão, mas ela sabia que aquele chão na verdade era uma rosa, e não qualquer rosa senão a sua. E por mais que aquela terra a escondesse, na terceira volta o sonho daquela moça surgiria do chão escuro. Sim, a rosa. Esperada rosa que faria sua felicidade completa.
E o sorriso brotaria do rosto tenso dela.
E com ela se casaria logo no primeiro olhar das duas, na viração do dia.
Ela sabia que as poucas lágrimas e as muitas dores no peito precediam os dias mais felizes da eternidade daquele par.
Por isso esperava.

E porque soube esperar, deixou de conhecer o choro e a dor.
Porque hoje a rosa é dela só e de mais ninguém.


Por Dani Cabrera

lunes, 16 de junio de 2008

Dos Dias Salvos Para Sempre...

Naquele dia a prometeu ser seu anjo.E dali em diante os tropeços pareceriam um passo mais largo porque o chão nunca mais a ampararia. Ainda que tivesse que se jogar por debaixo da queda dela.

Dali em diante estava decretado o fim dos dias de inverno, e de outono, pela parte incômoda. Sim. É lógico que vez ou outra o frio seria o artifício do abraço demorado que aquece a alma. E os outonos só viriam pra que as roupas elegantes saíssem do armário: luvas de lã, cachecol, tapa-ouvidos. Andar nas ruas e soprar as mãos e ver a fumaça quente de si condensada ao ar gélido de fora.

Mais ainda porque ali dentro havia brasas. Mas não pensem que veriam qualquer outra coisa além de alegria nestes dias. O sol desde então não deixou de sorrir, e aquele furor quente de outrora, hoje é luz somente. E o sol do meio dia agora é chamado sol da manhã até de noite – brisa, calmaria.

Dali em diante voltaram a ser criança outra vez
Amaram as cores, as flores, os sons...
A relutância que a ansiedade coloca o ser humano já não existia.

Eram felizes, o que mais poderiam querer?
Seguiam.
Viviam.

Por Dani Cabrera

jueves, 12 de junio de 2008

Do que Não é Visto à Olho Nu...

Pode ser que sim...

Talvez eu seja tão “ensaboada” quanto disse aquele senhor que saiu do cenário depois de tantos passos mal dados. Ou talvez eu seja um oceano de palavras não ditas, um baú cheio de tesouros escondidos, um fundo secreto...
Deve ser. Talvez eu seja um tanto misteriosa – evasiva! - quanto me disse aquele grande amigo dos dibujos bem feitos.
Talvez eu tenha mesmo os espelhos da alma profundos demais. Provavelmente daí tenha surgido essa minha fixação pelas entrelinhas e não pelas palavras propriamente ditas. Talvez por isso meus olhos tenham tanta sede pelas intenções que insistem em entrar e sair dos aposentos despercebidas. Cobertas de grená, topázio e pó-de-arroz.
Talvez sim.
Mas isso tudo é quase nada.
De fato, o importante é que você (quem pintou de azul o céu outrora gris) sabe me ler de trás pra frente e com as “SADITREVNI SARTEL”. Você, que me ouve sem que eu ao menos diga uma só palavra; escuta meu coração através dos olhos.
Pra você meu bem, não sou mistério.
Pra você sou A M O R e nada mais!

Por Dani Cabrera

E como aquele pequeno dos cabelos de plantação de trigo, eu aprendi:
O essencial é invisível para os olhos.

sábado, 7 de junio de 2008

Das Portas que Nunca se Fecham...

Não.
Não me faça escolher outros meios de ser feliz.
Não me peça pra deixar de voar.
Não me inclua no sistema que você tolera porque a minha felicidade eu não entregarei nas mãos de gente maldosa.
Não me diga que você se alegra mais com sorrisinhos compulsórios de gente infeliz na alma do que com a tua própria satisfação. Não use teu silêncio e a tua omissão como um escudo de dardos que não doem mais.
Não me faça perguntas que te cortam por dentro, não me queira moderadamente por medo.
Não me faça dizer palavras que vão realmente te machucar por pura proteção, porque eu sei que não vai ser nada fácil: eu só preciso que você feche os olhos e pule comigo!
Não me dê sorrisos com recheios de aflição, porque eu te conheço, conheço o teu coração.
Não me conte historinhas com cenários opacos, feitos de algodão doce.
Porque no fim tudo é nada.
Não me tire o brilho dos olhos, coração!
Não me faça perder a plenitude por coação de gente aguada.
Não me prenda as mãos e a mente,
Não me faça prisioneira de fórmulas que não funcionam.
Eu olho sempre pra cima.
Vejo que acima de toda mesquinhez existe uma infinidade de grandeza.
E eu sou grande. E você também é.
Aqui embaixo é tudo grande demais, mas lá de cima a gente pode rir de tudo isso: me ouça!
Porque a maior força,
A característica mais linda de nós todos é a liberdade de ir e de vir - se quiser voltar!
Não me faça como as crianças nas vésperas de santa claus olhando pros presentes e pras rabanadas.
Não me ponha dentro de uma caixinha.
Não me tire a doçura antes do tempo certo.
Não me deixe sem bote aqui no meio do mar.
Não solte a minha mão.
Não solte.

Por Dani Cabrera

"...don't take it from me, don't take it yourselves ...how can you stay outside, there's a beutiful mess inside..." - Yael Naïm -

viernes, 6 de junio de 2008

Das Florzinhas que viverão para sempre....

Ela seguia pra mais uma daquelas "reuniões mais ou menos" no meio do dia de sol, mas o calor não a fizera deixar de vestir aquele casaco que usara na noite anterior – uma das noites em que aquele abraço a fez completa de todo o dia.

Sabe aquela conversa de que um copo de leite possui nutriente o suficiente para nos manter alimentado por todo um dia? Pois bem, aquele abraço é assim.

E na reunião chegou. Cumprimentou. Sorriu. Falou. Recomendou. Concluiu.

Mas antes de todas essas coisas passara lado a uma daquelas casinhas de madeira que vendem flores. Não precisou fazer força para ter em quem pensar: mais uma vez sorriu (e suspirou!). Na saída não conseguiu entreter-se das flores, foi lá e pediu a mais alegre. Porque é assim que fica a cada vez que encontra aqueles olhos. Só que aquelas flores nunca entregaria, não eram pra nada além de sorrir e lembrar de quem nem por um segundo esquece.

Voltou. Chegou. Sentou. Pôs ali o ramalhete de flores amarelas.

Fechou os olhos e sentiu o cheiro do pólen e disse: “Perdoem-me as flores, mas meu bem perfuma muito mais!”. Um anjo veio do outro lado e a contou que se plantasse aquelas flores elas nunca morreriam. Pareceu mágico. Olhou pras flores que lembravam o seu amor, o coração acelerou.

Correu. Cavou. Plantou. Regou. E cuida!

Assim todas as coisas com cores deste mundo passaram a ter um significado depois que ela encontrou aquele sorriso. E de todas as surpresas que tem, a mais intrigante é a capacidade de vê-lo como algo novo segundo após segundo. Um amor não diminuto.

Desde então quando pensava em tempo, pensava na eternidade àquele lado!

E este é o amor que tanto esperava.


Por Dani Cabrera

lunes, 2 de junio de 2008

Das Pequenas Aflições...

Mas se um dia o sol preferir não despertar,
E o azul do céu converter-se em cinzas,
Se o tapete verde brilhante encher-se de ervas daninha
E cada palavra deixar de ter a cor do teu sorriso...
Se os girassóis baixarem a cabeça e deixarem de olhar pro sol...
Se os pássaros cansarem de cantar a nossa canção
Se as gérberas decidirem vestir-se como viúvas
E as “fumaças das fábricas” sujarem os ares dos nossos suspiros...
Se as árvores deixarem de frutificar
Se o meu telefone deixar de tocar no meio da noite...
Ainda que o trabalho árduo nos tome a mente e o ânimo,
Ainda que o relógio simule uma disputa contra nós
Se os meus olhos por minutos perderem o brilho
E se - como quase sempre - desistir parecer o mais apropriado.
Por cima das nuvens sabemos que ainda brilha um sol,
Que brilhará para sempre
E veremos que por detrás da tempestade esconde-se um lindo dia.
E ali nos dias tristes,
Nos dias de grande aflição,
Seremos salvos pelo amor que nos une hoje
E que para todo o sempre será só teu.

Por Dani Cabrera

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...