miércoles, 25 de agosto de 2010

...E tu, quem és?

Eu ando pelo mundo consumindo emoções . Sou como um morto vivificado pela bondosa ilusão de finais felizes construídos milindrosamente por mim mesma. Sou um animal de olfato apurado, emocionívoro - feroz em quanto à minha fome, veloz e suave quanto à minha presa, sagaz e prudente quanto à perseguí-la.

Sou forasteiro onde quer que eu esteja, sou um vaso de flor numa praça em Kabul. Sou cantiga de roda no final da tarde. Eu sou pedra polida que corta o vento e salta sobre o mar. Sou riso, sou cheiro, sou tato e instinto. Um príncipe sem nome viajante entre galáxias. Onda que quebra contra as rochas, sou quem transforma tudo em cinzas. Sou metade força e metade fraqueza: metade de mim é feita de falhas, a outra metade é de perfeição.

Eu sou a folha seca que despega do galho, que cai e se vai. Eu sou o amor do meu amor, sou o sonho esquecido, empoeirado, que volta a acender os ânimos, a exercitar o querer. Eu sou o trabalho árduo e a sua boa recompensa, sou o gigante bobo da aldeia dos minúsculos duendes. Sou torrente de água que chove do céu, eu sou você quando sentes sede, posso ser água quando te sacias. Sou o Brasil de 1499, sou índio e sou homem branco; sou samba, sou bossa, sou choro e boêmia. Sou o jornal pela manhã, torrada e café.

Sou tentativa, sou predicado, o clamor que não cessa, sou voz que não cala, indigente, fumaça suspensa no ar. Sou tua vontade de justiça, teu desejo de igualdade, tua indignação com a ignorância. Sou bicho humano, não como escolhi, mas o que decidi corajosamente fortalecer.


Posso ser tudo isso, e aquilo e algo mais, ou algo menos.
Mas pra ela, senhores, eu sou o Amor.

Por Dani CabreraJustificar


¿Bailaches Carolina?
- Bailei, si señor.
- Dime con quen bailache.
- Bailei co meu amor!

domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre o Que Não Me Interessa...

Eles podem gritar, berrar, se debater e se jogar no chão. O meu troféu é meu e dele eu não vou largar. Eles podem se reunir para me maldizer, pintar meu nome na esquina de casa, escrever meu nome no Judas da Semana-Santa – por certo, que semana é essa tão santa, que se usa um dia santo desses para falar coisas más sobre outros? Eles podem trocar meu nome por ¨desgosto cabrera¨, ¨vergonha¨, que a realidade é bem diferente. O meu troféu eu não vou largar.
Já faz um tempo que todos nós corremos, inconscientemente, instintivamente às vezes, detrás da chance de ser sincero em responder que sim, que muito bem de verdade, quando alguém pregunta como vão as coisas. O meu troféu é meu, é para mim, e ouçam: dele eu não vou largar! O meu troféu é a paz de ter a vida ordenada, cada coisa em seu lugar, alguém para cuidar e ser cuidado, a paz de saber que não se está só, a paz de levantar todos os dias flutuando de amor, de amor recíproco, de abundância, mas isso não é fácil manter. Por isso me abstenho desse espírito medíocre que só tem fome de criticar e criticar, e vou com a minha vida à diante. Corajosamente, à diante. Por não parar pra criticar quem vem ao lado, por não desejar parecer maior que ele, o meu jardim tem dado flores. E não só flores: macieiras, laranjeiras e trevinhos de quatro folhas. Tem nascido girassóis, margaridas, lírios e ¨comigo-ninguém-pode¨. Tem nascido afeto, compreensão, e o que eles tanto desejam e acabam comprando de plástico: amor ao próximo.
O meu riso eu não deixo aguar. O meu suspiro não dará lugar à soluços e choro; não… Eu sigo sobre tudo isso, à flote, soberana, valente. Sigo com o peito em chamas, coração em flor, contente com o que a vida tem sido, e é, e será. A minha cabeça não curvo, jamais. Porque o meu troféu é meu. Ah, se é!

O perdedor é quem decide ser.
O vencedor, sou eu.


Por Dani Cabrera


Obrigada a todo e qualquer apoio.
Gracias, cariño, por estar a mi lado.

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...