sábado, 26 de septiembre de 2009

De Tudo O Que Segue...


Creio que foi a sua capacidade de me deixar feliz em questão de segundos. Ou o caminhar despreocupado, o piscar de olhos um tanto lento, a voz firme e arrastada como de quem a qualquer momento vai soltar um riso ainda que a situação seja das mais constrangedoras. Foram os olhos cinzas (e doces), que de tão profundos me fazem por vezes tremer; e por como agarras as minhas mãos sem se importar com nada mais em volta no mundo inteiro.
Deve ter sido a maneira em que te apóias no meu braço esquerdo pra dormir o que me tem feito querer-te tanto, mas tanto, a ponto de doer a cada vez que eu tenho que entrar no trem e te deixar do outro lado da janela na plataforma. Ou a maneira como acendes teu cigarro pra descansar depois de, e me ensinar tuas palavras... e aprender as minhas. E rir. É por me fazer confrontar a mim mesma, e perceber que algumas coisas como a vergonha que sinto de tudo não tem a mínima utilidade. É esse teu sorriso rouco que não me deixa te esquecer, e o teu interesse por um par de coisas minhas que eu mesma julgava desinteressante.
Pode ser a tua capacidade de me chamar de linda pela manhã, quando a beleza produzida se esvai por completo e só fica a humanidade, ali exposta. Foram coisas assim e outras coisas que segues sendo o que me faz largar tudo e ir ao teu encontro, eu atravesso o mundo quando a saudade aperta.
São coisas assim que te tem feito tão amável a ponto de “escuecer” o peito só de pensar na possibilidade de não encontrar mais o teu abraço no meio da noite quando sonho que o mundo é só guerra e dor. É a tua força, e como encaras a vida de forma crua; a tua esperança naquilo que é palpável, e como me olhas – e me paralisa a alma - quando ninguém vê. Porque eu amo a verdade que vive no teu olhar, amo a tua coragem e esse punhado de coisas até então impossíveis que eu encontrei quando te conheci. E te digo que não espero nada além de um amanhã tranqüilo e que eu sinta paz toda vez que pensar em ti. Quanto a ti, que sintas paz quando pensares em mim. E sim, quero ser quem você lembra quando tem a certeza de que não estás só.
O que fica é esse gosto doce, e umas gotículas ácidas por medo de que tanta novidade me faça sucumbir detrás de uma cortina de fumaça negra, mas não.
Ficam as lembranças dos dias em desaparecíamos do mundo inteiro e o mundo então era só você e eu, e essa expectativa no meu peito de que as semanas vão passar bem depressa e que dentro de quase um mês estaremos de mãos dadas outra vez, chutando o mundo, rindo da vida e distraindo o tempo.
Fica esse “te quiero” agarrado na minha garganta toda vez que eu lembro de ti. E te digo isso ainda que não me possas ouvir sempre.
Fica a esperança verde, como a tua cor predileta.
Fica tua preferência pelo mosto e a minha pelo “te-olhar-enquanto-matas-a-tua-sede”.
Fica a noite na praia; você no meu quarto, os meus quilos a menos e os teus a mais, estar ao teu lado no dia em que completaste 22...
Fica a noite linda no farol velho da rainha aprisionada de Cambados e teu rosto gravado na minha memória de todas as vezes que eu te olhava pasmando e você não entendia o porquê. Ficam os pares de filmes que vimos e os milhares que planejamos ver e ainda não conseguimos. As músicas que te vi dançar à tua maneira, e a minha timidez quando pedes que eu dance pra ti, fica o nosso baile nosso ao som do silêncio.
Fica tua fascinação por Coixet, Sinead e Kidman. Os nove filhos, e a grande Madrid que me trouxe você, e que não me há de tirar-te.
Fica na memória como avisos pregados na geladeira o lembrete para os banhos do Bob.
Fica aqui comigo o teu cheiro que amo e a espera para o dia em que regressares.
Fica Luar na Lubre, cantando “Ancares” enquanto esse tempo não chega.
(Por quien suspiras? La despedida es corta la ausencia larga, quiero que te diviertas y no me olvides, prenda del alma).
Fica tudo o que eu não sentia, e que tu com teus encantos despertaste, puseste cor, puseste vida.
E eu não vou te buscar onde eu sei que não estarás e quando chegar o tempo de te ver de novo, que habite em ti a certeza de que eu estou realmente feliz por isso.

Te desejo sorte, muita sorte.
Me desejo sorte, muita sorte, semelhante a que te desejo a ti.
Que a tenhamos, pois.


Dani Cabrera



“Meu bem, qualquer instante que eu fico sem te ver, aumenta a saudade que eu sinto de você. Por isso eu corro demais, só pra te ver. Se você está ao meu lado eu só ando devagar, esqueço até de tudo não vejo o tempo passar, mas se chega a hora de pra casa eu te levar, corro pra depressa outro dia ver chegar. Então eu corro demais, só pra te ver. Se você vivesse sempre ao meu lado não teria motivos pra correr e devagar eu andaria. Eu não corria demais, agora eu corro demais, corro demais só pra te ver”. (A. Calcanhoto)

miércoles, 9 de septiembre de 2009

Dos Dias Que Virão...

Poderia ser tudo mais fácil e menos feliz se tivéssemos nos desencontrado naquele dia em que você chegou na minha vida, mas por ventura não foi assim. Desde que tu chegaste, o meu silêncio se transformou em grito. E foi entre o primeiro e o terceiro encontro que o meu coração perdeu a paz de ser o único dono de si.
Lembro que chegaste numa quinta-feira improvável, de calor sem sol, céu sem azul, com teus olhos cinza e eu não te reconheci. Não como te reconheço hoje, com todas as cores que agora vejo e que antes eu não percebia. Reconhecia somente o que era relativo às minhas expectativas sobre tudo que encontraria na grande Madri, sobre a minha impaciência na fila de um aeroporto cheio de pessoas - que eu pensava que tu eras só mais uma delas-, e sobre as dúvidas e frustrações da noite anterior: foi justo quando eu pensei que eu realmente não tinha sorte nenhuma que você chegou pra me mostrar que eu estava equivocada.
No dia em que você chegou, a sorte estava na fila ao lado, acenando pra mim e apontando em tua direção, como quisesse me mostrar ou me dizer algo que eu não entendia. Lembro que quando tive a oportunidade de te reconhecer no primeiro momento, quando estávamos a sós, eu e você, eu senti sede e me fui sem pensar duas vezes, com minha música e minha melancolia - e te deixei ali sozinha. Eu só te reconheci um dia antes de ter que me despedir de ti outra vez, como se o acaso, ou a natureza (como você preferir chamar), não pudesse ser contrariado, como se tivesse realmente que acontecer, ainda que tarde. MAKTUB. Porque antes disso era como se alguém soprasse ou sussurrasse algo que eu não entendia a cada vez que você aparecia na porta do meu quarto e se sentava ao meu lado. Eu devia suspeitar que todo aquele riso que você me causava não era lá dos mais comuns.
Desde que você chegou na minha vida eu tenho tido a sensação de que o tempo de uma vida inteira é pouco demais pra tudo que se pode ser, criar e tentar; uma semana é como um segundo ao teu lado. Tenho sentido uma fome louca de tudo, de respirar fundo e aproveitar a vida, de aproveitar você. E não me intimidam esses quatrocentos quilômetros que estarão entre nós. Eu estarei em ti, e tu aqui estarás – dentro - cultivada em mim como se fosse flor. E as lembranças dos dias em que estivemos juntas serão como força incontrolável pros dias que eu, sem pensar em nada além de ti, vou correr pro aeroporto e entrar no primeiro avião que me leve até você, pra estar em paz outra vez. Porque do teu lado eu me sinto como quem sonha, como se precisasse de muito-pouco-quase-nada pra estar completa. Não sinto fome, não tenho sono, só vontade de te descobrir e de ser tua descoberta. E é entre os teus braços claros que eu não me sinto só. Porque apesar de toda essa capa de “que-forte-a-menina-indestrutível!”, eu sou débil e boba demais, fraca e vulnerável quando você dispara um olhar na minha direção. (“No me mires que me encierras... si, ahora es igual, mírame que ya me tienes encerrada por completo”). O meu sorriso é mais feliz contigo e eu amo conhecer teu mundo, as ruas que você passa, as pessoas que você ama, a cama que você dorme e o que você vê quando abre a tua janela ao despertar.
Eu quero ir em ti, quero ir até onde possamos ir, porque também confesso e aceito que já não sou tão singular, e que já me perdi pra ti faz tempos. Resolvi pular bem do alto dessa pedra e cair de vez nesse rio, e que a correnteza me leve pra esse lugar tranquilo que eu tenho a impressão de ver de relance a cada vez que nos encontramos.
Que o universo nos tenha reservado um amanhã bonito.
Segura a minha mão com força e não solte.


Que venha o desafio.


Por Dani Cabrera

“Que sí, que sí, qué bien! Que me encanta escucharte, adoro sentirte. El barrio es más hermoso desde que apareciste, hoy luce el sol en mi corazón. Mi niña, mi amor, mi rayo de luz, el camino que lleva a tu casa es mi alegría. La primavera ha llegado a la ciudad y no sabes lo bien que me sienta”.
(Mar El Poder del Mar _ Facto Delafé)

miércoles, 2 de septiembre de 2009

Do Cheiro Que Ela Tem...

Ela tem cheiro de sonho.
Cheiro de sonho em noite de sono tranqüila. Ou de sonho do sono de depois do almoço em dia frio. Ela tem cheiro de sonho de sono tão tranqüilo que dá a incerteza de ser mesmo sonho ou realidade. Ela tem cheiro de sonhos felizes, regados de sorrisos e de olhos nos olhos. Ela tem o cheiro de todas as coisas que eu mais gosto, como se fosse uma mescla de todas as minhas predileções. É um sonho do cochilo que por acaso sucedeu-se. Chamo acaso o que ela chama natureza, e nos entendemos assim.
Quando chegou, estava ela do outro lado da rua esperando. E ele ao baixar do ônibus, desceu as escadas correndo atrás do próprio coração que foi na frente a abraçá-la de tanta saudade.
E ele quase caiu já sem força quando ela sorriu em sua direção. Quase caiu, mas se manteve de pés e só se entregou a realizar o abraço que vinha desejando há semanas e semanas. Estava ela do outro lado da rua vestida de abraços e de beijos, de sede, vestida de toda a gentileza lenta que ele adora. Estava ela vestida assim e com cheiro de sonho. Ela tem cheiro de sonho.
Ela tem o cheiro de um sonho que ele tentava inventar no cenário novo, mas não conseguia. O sonho que na verdade não achava que sonharia. Sim, surpreendente é a vida... Um tipo de sonho que na verdade não imaginava que poderia (voltar a?) sonhar.
Ela dá vida ao cheiro do mar que cerca a torre cansada de San Sadurniño, e é linda à luz do sol ou ao brilho da noite silenciosa – ruidosa por ela e por mim. É mágica quando dança como Fred Astaire à sua maneira despreocupada, e me pega pelas mãos pra lhe acompanhar em seu baile ainda que não haja o mínimo som de música. Acho que a canção dela é daquelas que soam no coração... Ela me consome, me esgota e me revigora outra vez, é o meu INTENSO entregar. É a nossa vontade de não levantar da cama, e o meu manter-me desperta pra não perder um minuto sequer. “Abrazame, vamos a dormir”. Ela é sonho, tem meus olhos - e dói no meu peito uma dor maravilhosa quando dorme apoiada no meu braço esquerdo.
Ela tem o gosto do vinho dos ribeiros de Cambados, ela é doce e é ácida ao mesmo tempo, é sorriso e fumaça suspensa no ar, a voz que consegue todas as coisas que quer mesmo sem pedir. É uma mistura de menina, anjo, mulher e sonho. Porque ela além de ter cheiro de sonho é também o próprio sonho dele realizando-se a cada vez que se encontram.

Ella huele como un sueño.

Por Dani Cabrera
Permita-me Naty, mas vou mandar um PS aqui. rs
PS.: Talvez a imagem que acompanha o texto não pareça compatível com o que foi escrito. Mas esse foi o meu cenário. :D
PS2.: Um beijo à todos e muito obrigada pelo carinhho!

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...