domingo, 19 de diciembre de 2010

Agridoce

Eu quero sair do convencional,dos trilhos que desenharam para mim nesse chão, porque sou avião. E avião traça a sua própria rota perfeita. Quem olha de desde abaixo sempre o vê como se ele fosse em linha reta, mas não. A linha é reta porque é ele quem a faz.
Eu quero me esquecer das palavras bem conectadas, aquelas que eu sei que fazem com que tudo o que eu diga seja aceito sempre. Eu gosto também do desacordo. Eu gosto também do conflito. Existe algo muito bonito no confronto, algo maduro. Desafio nutritivo. D E S A F I O. Eu quero não me lembrar somente de ilustrações angelicais, lolipops, de arco-íris, de nuvens e céu azul, de primaveras, como se a vida fosse um vinte-e-quatro-horas de perfeição, porque não é. A perfeição se esconde na capacidade de sobreviver às desvirtudes. O gosto doce da boca também pode vir do agrio. Isso quem decide é quem degusta. Quero um pouco do bucolismo da cidade grande. Porque há. Quero tudo.
Quero deixar um pouco de tanto doce-de-leite, joaninhas, dessa infecção Tautou, que à mim nunca fez e não fará mal algum. Peço perdão, digo que já venho , e que preciso expandir. Quero uma tormenta caindo lá fora, quero um furacão em lugar de uma calmaria que atormenta, e que esse furacão saia de dentro de mim e leve tudo o que é meu para onde carecer. Não pretendo que a voz seja suave, não desejo que tudo seja fácil, não quero nenhum maná, nem que me prometam terra alguma. Quero pimenta malagueta, quero que seja por merecimento, por suor, pelas mesmas mãos que extrenizam o que eu sinto. Quero clareira, mas quero que a floresta ao redor seja selva de verdade. Quero oásis, mas também quero cinquenta graus e areia. Não quero ser o topo da cadeia alimentar. Quero olhar para tudo e me sentir animal que sou; bicho humano. Gosto do valor pessoal que tudo tem. E esse é o único valor que se leva daqui.
Não quero Versace, Dior. Nada disso. Não troco minha couraça por glamour nenhum. A beleza das coisas estão escondidas na simpicidade delas mesmas. Não quero fugir do clichê com os seus próprios artifícios. Não quero fugir do clichê. Nem estar com ele.
Quero humanidade, transparência, sangue, carne e sentimentos. E que ainda assim o aroma seja suave para quem sente.
De tudo existe para quem se dispõe a ver.
Os olhos só podem ver o que se projeta de dentro.

Uma coisa peço: que o amor seja sempre base em todos nós.
E que sejam celebradas todas as formas de amor.

Por Dani Cabrera

viernes, 26 de noviembre de 2010

Verde, que te quero verde...

Sentei-me como todos os dias, meia hora antes de começar o expediente, para tomar coragem e enfrentar as tão suadas oito horas correndo de um lado pro outro, entre sorrisos, caras-feias, cumprimentos e taças de cafés. Acendi um cigarro, o primeiro do dia, mesmo sabendo que a nicotina tem derramado em mim tanto cansaço que parece que ando numa corrida de São Silvestre eterna. Li o adesivo colado detrás do maço que diz que fumar acorta la vida. Não dei importância. Segui à diante. Pensei e repensei em como foi que o destino me levou com a minha cantiga à outra parte, e como vim parar aqui, justamente aqui onde estou, coisa que faço quase que liturgicamente todos os dias. É parte da minha rotina ficar abobada com essa mania inquieta que a vida tem de nos mover para um lado e para o outro, como se estivesse insatisfeita com a nossa tão típica inércia. Vou como folha verde que se despega de um galho seco qualquer, voando,voando sem saber onde vai dar. Voamos todos sem notar que estamos voando. E só nos damos conta quando paramos em um beco desconhecido, rua de pedra, varandas de sobrados cheias de flores e cata-ventos. Como se despertásemos em um sonho. Desse jeito nos manipula a vida, e te explico como. É assim: primeiro é como se ela soprasse uma idéia incansavelmente no nosso ouvido, vinte e quatro horas ao dia, durante meses, ou durante anos, até que a coisa se assimile meio que por osmose, e o fantoche grite: Sim! Eu tenho um sonho! Sonhos e sonhos. Deixa de ser bobo! Sonhos existem sim, mas não são de ninguém menos que da própria vida; essa mesma que no fim das contas sempre nos convence a ir pelo caminho que vai te levar aonde ela quer. Mas a decisão de ¨deixar-se levar¨ é pessoal. Também há quem morra no mesmo galho em que nasceu. E esse voa de outra maneira. Mas essa outra maneira pouco interessa agora mesmo. A questão é que só faltavam trinta contados minutos para que eu começasse a minha jornada, tinha um cigarro às vezes entre os dedos, às vezes apoiado nos lábios, e, sem perceber odiei a maneira que os segundos do relógio em cima da pia não cansavam de avançar, logo hoje que estaria tão bem ficar em casa e ver a tv, e olhar o mar, e a torre que ela me disse que diz um mito que do alto dela se pode ver a costa irlandesa… Odiei o relógio, e a sua cor não me convencia. Então resolvi olhar para dentro. No peito uma trouxa de saudade encostada num cantinho qualquer de uma parede pintada de azul, e no entorno, amor, muito amor, nas gavetas das cômodas, dentro e fora dos armários, em cima das mesas e dos sofás, espalhados pelo chão, sobre e sob os tapetes – só se encontrava uma copiosa desordem de amor jogados por todos os lados. Foi assim que eu me lembrei que o relógio corria à meu favor, e que era tudo por culpa do verão que tem pressa por chegar já. Nunca esperei tanto por um verão. Bem que eu ainda penso que seria mais bonito que entrássemos na nossa casa num dia colorido qualquer de primavera, mas o amor também é responsabilidade, meu bem, e se convir à vida nosso desejo pode vir a antecipar-se nela. Quando me dei conta depois de pensar, e ver tantas coisas, e cumprimentar a tanta gente, eu sorri, eu chorei, eu lutei, eu corri como os ponteiros e passaram-se três dias mais como num estalar de dedos, e o verão vem vindo, ainda que seja inverno. O verão vem vindo. E quando o verão chegar seremos as duas uma folha só, mais verdes que nunca, voando, voando, voando…

Por Dani Cabrera

jueves, 28 de octubre de 2010

Mais Uma Pra Ti

Respiro fundo e te beijo. Te beijo porque eres digna de ser beijada por todos os dias da tua vida. Te beijo e te cuido, porque tu me cuidas também, e porque me dediquei a cuidarte desde o dia em que te amei. Acaricio teu rosto, te beijo otra vez nos olhos, na tua testa e me aplico em sentir o cheiro que se esconde debaixo dos teus cabelos. Toco o fim das tuas costas e noto toda a tua pele viva, tuas pernas se enrroscam nas minhas sobre a cama, tuas roupas se enrroscam nas minhas jogadas ao chão. Teu corpo se cola ao meu.
Que bom é o aroma do ar que sai dos teus pulmões. Que suave é a tua mão que passeia pelas minhas costas e que só faz trazer-me para mais perto de ti. Que sonho é tocar meus lábios nos teus e saber que sou tua, e que isso tu valorizas com teu mais bonito apreço. Que satisfatório olhar para trás e ver a estrada que percorremos até aqui, e que tranquilidade já ver o amanhã do teu lado.
Casa-te comigo agora mesmo, a cada minuto das nossas vidas, casa-te comigo, porque ando desesperada de tanto amor guardado dentro desse peito tão débil. Faz da minha cama a tua cama, do meu interfone o teu endereço, fique aqui comigo, meu amor. Visita-me essa noite em sonhos, vestida de branco, e me diz com toda a tua calma que devo ter paciência. E eu sei que o tempo vai passar e que o nosso dia está à caminho, mas enquanto isso… Não sei mais a quem pedir para que os ponteiros girem um pouco mais à meu favor, calculo dias e meses tentando ver um dia menos, trago seco o nó que se faz na garganta e sigo em frente esperando que baixes dentro de um minuto na estação de Cuatro Caminos. Sana essa dor com um sorriso teu, abraça meu corpo e me diz que o lado direito do guarda-roupas é só para ti e o esquerdo só para mim. Diz que a dispensa precisa ser reabastecida. Me leva ao mercado pelas mãos como quem brinca de ser feliz.
Tú és quem lembra dos horários dos medicamentos para que a febre não me roube uma noite mais de sono. És minha segurança, o tesouro que guardo, minha bandeira, minha alegria, minha vontade de permanecer aqui, viva e forte, construindo um caminho bonito para desenhar quatro pegadas de mim e de ti, até que seja da estrada o que ninguém tem a certeza se é fim.

Por Dani Cabrera

jueves, 16 de septiembre de 2010

Prova Real

Tenho o peito cheio, preciso gritar no branco.
Tenho as janelas fechadas desejosas de se abrirem quanto antes. Uma tormenta contida por paredes de catolina. Tenho os braços ansiosos buscando qualquer coisa tua para me agarrar e me sentir inteira. É que quando não estás aqui sou como se fosse metade. E deve ser porque é verdade isso de que foi por fúria que os deuses que nos partiram em dois, nos fizeram desenho inacabado, sem cor, sem forma. Deve ser verdade isso de que depois de partir-nos (um à um) pela metade, mandaram um furacão para dispersar as partes que eram antes uma coisa só, e que desde então, quem quisesse se pusesse ao trabalho duro de reencontrar sua própria metade perdida.
A minha carne é a tua carne, bronzeada de bossa e tropicalismo. A tua carne é a minha carne temperada com olivos e gaita, branca como marfim, refrescada pelo leste galego. É tão bonito te ver e pensar nos caminhos que tivemos que percorrer até que a nossa era de aquarius chegasse enfim, em toda a imensidão do oceano que precisei atravessar, cruzar a linha que divide o mundo, e pacientemente esperar que o destino calculasse o nosso (re) encontro quando tu estavas na cidade ao lado. Eu cheguei a ti sem sequer buscar-te.
A minha paz se esconde debaixo desses fios finos que ameaçam encaracolar sobre o teu pescoço. A minha paz se esconde no teu peito, onde eu descanso a minha cabeça, onde o mundo parece tão menos perigoso do que realmente é. Aí é onde eu encontro perfeição e força, é aí que eu abasteço o meu armazém de sorrisos e reponho a minha certeza, não só de um futuro só nosso, mas também da base do dia de hoje. O sentido da escada é para cima quando se vem de baixo. E quando tu chegaste estávamos justo embaixo, cansadas, doídas. O meu corpo deixou de doer quando se somou ao teu, e deve ter sido por isso que eu segurei a tua mão e quis te levar dali. Deve ter sido por isso que as lágrimas se secaram quando eu me dei conta de que tu eras tu, e que tu eras tão eu diante de mim mesma, que eu não sabia fazer outra coisa além de sorrir, feliz da vida, instintivamente sem explicação. Era que aquela cicatriz feita pelos deuses deixaria de sangrar. Voltamos a ser tu e eu então, uma coisa só entranhada, colada, unida.
Agora eu me sinto forte o bastante pra levantar montanhas, mover os continentes sobre o mar.
Mas o que me interessa mesmo, é seguir comendo dessa estrada e só parar quando tenhamos, tu e eu, o mesmo endereço.

Te agradeço por devolver cor ao meu mundo. : )

À minha paz, à ela escrevo.


Por Dani Cabrera


¨No tiene cabellera hermosa, no es un metrosexual de la prensa rosa. Me enamoré, de un tipo que no me ha dado flores ni una vez. Pero llenó de primavera, toda esta casa vacia. No quiero rosas carmucadas que el tiempo ha de marchitar, prefiero estar contigo y convertir todos los meses en abril¨. (Georgina _ Menamoré)

miércoles, 25 de agosto de 2010

...E tu, quem és?

Eu ando pelo mundo consumindo emoções . Sou como um morto vivificado pela bondosa ilusão de finais felizes construídos milindrosamente por mim mesma. Sou um animal de olfato apurado, emocionívoro - feroz em quanto à minha fome, veloz e suave quanto à minha presa, sagaz e prudente quanto à perseguí-la.

Sou forasteiro onde quer que eu esteja, sou um vaso de flor numa praça em Kabul. Sou cantiga de roda no final da tarde. Eu sou pedra polida que corta o vento e salta sobre o mar. Sou riso, sou cheiro, sou tato e instinto. Um príncipe sem nome viajante entre galáxias. Onda que quebra contra as rochas, sou quem transforma tudo em cinzas. Sou metade força e metade fraqueza: metade de mim é feita de falhas, a outra metade é de perfeição.

Eu sou a folha seca que despega do galho, que cai e se vai. Eu sou o amor do meu amor, sou o sonho esquecido, empoeirado, que volta a acender os ânimos, a exercitar o querer. Eu sou o trabalho árduo e a sua boa recompensa, sou o gigante bobo da aldeia dos minúsculos duendes. Sou torrente de água que chove do céu, eu sou você quando sentes sede, posso ser água quando te sacias. Sou o Brasil de 1499, sou índio e sou homem branco; sou samba, sou bossa, sou choro e boêmia. Sou o jornal pela manhã, torrada e café.

Sou tentativa, sou predicado, o clamor que não cessa, sou voz que não cala, indigente, fumaça suspensa no ar. Sou tua vontade de justiça, teu desejo de igualdade, tua indignação com a ignorância. Sou bicho humano, não como escolhi, mas o que decidi corajosamente fortalecer.


Posso ser tudo isso, e aquilo e algo mais, ou algo menos.
Mas pra ela, senhores, eu sou o Amor.

Por Dani CabreraJustificar


¿Bailaches Carolina?
- Bailei, si señor.
- Dime con quen bailache.
- Bailei co meu amor!

domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre o Que Não Me Interessa...

Eles podem gritar, berrar, se debater e se jogar no chão. O meu troféu é meu e dele eu não vou largar. Eles podem se reunir para me maldizer, pintar meu nome na esquina de casa, escrever meu nome no Judas da Semana-Santa – por certo, que semana é essa tão santa, que se usa um dia santo desses para falar coisas más sobre outros? Eles podem trocar meu nome por ¨desgosto cabrera¨, ¨vergonha¨, que a realidade é bem diferente. O meu troféu eu não vou largar.
Já faz um tempo que todos nós corremos, inconscientemente, instintivamente às vezes, detrás da chance de ser sincero em responder que sim, que muito bem de verdade, quando alguém pregunta como vão as coisas. O meu troféu é meu, é para mim, e ouçam: dele eu não vou largar! O meu troféu é a paz de ter a vida ordenada, cada coisa em seu lugar, alguém para cuidar e ser cuidado, a paz de saber que não se está só, a paz de levantar todos os dias flutuando de amor, de amor recíproco, de abundância, mas isso não é fácil manter. Por isso me abstenho desse espírito medíocre que só tem fome de criticar e criticar, e vou com a minha vida à diante. Corajosamente, à diante. Por não parar pra criticar quem vem ao lado, por não desejar parecer maior que ele, o meu jardim tem dado flores. E não só flores: macieiras, laranjeiras e trevinhos de quatro folhas. Tem nascido girassóis, margaridas, lírios e ¨comigo-ninguém-pode¨. Tem nascido afeto, compreensão, e o que eles tanto desejam e acabam comprando de plástico: amor ao próximo.
O meu riso eu não deixo aguar. O meu suspiro não dará lugar à soluços e choro; não… Eu sigo sobre tudo isso, à flote, soberana, valente. Sigo com o peito em chamas, coração em flor, contente com o que a vida tem sido, e é, e será. A minha cabeça não curvo, jamais. Porque o meu troféu é meu. Ah, se é!

O perdedor é quem decide ser.
O vencedor, sou eu.


Por Dani Cabrera


Obrigada a todo e qualquer apoio.
Gracias, cariño, por estar a mi lado.

miércoles, 21 de julio de 2010

Eso Nos Llena

Despertamos todos os dias porque temos um sonho.
O perseguimos e lutamos por ele.
Sonhamos porque temos o direito de ser feliz,
E que ninguém nos tire esse direito -
De crer nas possibilidades,
Projetar a vida, e conseguir;
Porque somos iguais a todos os demais
E sentimos amor como tu também sentes,
E isso nos enche.
Ser feliz nos enche.
Por isso não nos calamos, não pensamos calar,
Esconder-se tampouco,
Porque isso nos enche,
Ser livre nos enche,
E ter um amor nos enche.



Por Dani Cabrera

PS.: Baixar o volume do player (direita abaixo).

viernes, 16 de julio de 2010

Eletrocardiograma Vital

Eu já estive no final de uma nuvem em dias de calor desértico, e chovia sobre quem estava ao meu lado, mas sobre mim não. E já me faltou o sexto número para que o meu bilhete de loteria fosse o premiado, e a minha boca sentiu o gosto amargo de ser quase vencedor. Eu corri para parada de ônibus e quando chegava, ofegante e suada, a condução partia. Meu pai se foi um pouco antes da minha primeira festa, mas me recordo dele ainda deitado ao meu lado lado, pedindo que na sua falta celebrassem meu primeiro ano como se fosse um acontecimento histórico. Guardo lembranças que quase deixei cair, por desantenção, mas recuperei em um só bote por não ter nada além disso. Perdi shows de artistas prediletos e não tive tempo para sentar num bar do sul com Caio, tomar uma cerveja e comentar a vida. Perdi empregos antes do primeiro dia. Perdi amigos e me senti a mais desgraçada de todos os seres humanos e tive que buscar em mim meu melhor amigo. Já tive mais de cem contatos na agenda e nenhum que eu pudesse chamar às 4 da manhã para me acalmar o choro. Já tive que recomeçar do zero mais de dez vezes e nem sempre havia alguém dizendo que eu podia mais uma vez. Empreendi meu esforço em jardins que floresciam justo depois de eu ter que partir para outro lugar. Já parti quando o que tinha que fazer era ficar. Já fiquei quando o que tinha que fazer era partir. Já respondi quando eu tinha que calar. E já calei quando eu tinha que fazer era exigir. Já recebi presentes rotos, já me senti impotente por não poder tranformar doença em saúde. Perdi chamadas importantes, já cheguei tarde no cinema - última sessão do último dia de exibição. Não ouvi o despertador e perdi o melhor da festa, tantos desencontros e eu sem entender o que eu fazia aqui. Até que tu chegaste para que eu entendesse que destino é isso aí, há coisas que são para nós, há coisas que são vaidades… e há coisas que precisam seguir sem que sejamos donos da verdade. Há perdas que nos fazem crescer, há outras que nos farão rir, e outras que precisamos mesmo perder para que o universo se equilibre. Há uma sequência de prosperidade para quem decide ver com os olhos que se devem ver. Sem querer tudo para si, sem ser um gigante infalível, sem ser o insoso ¨deus-humano¨. Há felicidade depois da tristeza. Há choro, mas também há riso. Há dias sem perspectivas, mas há dias de sonhos e sonhos e sonhos. Há dias de ¨pouco-quase-nada¨, há dias de banquetes sem ter com quem, dividir. Mas agora que tu estás aqui, vou equilibrista surfando nos altos e baixos desse eletrocardiograma vital.

Por Dani Cabrera

viernes, 18 de junio de 2010

Sobre Orgulho, Ego e Coisas Chatas...

Eu creio que essa estrada deveria envergonhar-se de separar o teu corpo da minha cama e dos meus braços. E penso que seria tao bom se nao tivéssemos que esperar o tempo passar ao seu bel-prazer, me fazendo sentir a mesma dor que tu também sentes por estarmos (ainda) submetidas à ele. Eu acho que deveria ser assim: que quando tu estás longe, os dias deveriam se resumir em segundos e milésimos de segundos. Mas como a vida é realidade, nesses eternos intervalos de tempo eu fico aquí, vendo coisas bonitas onde nao haveria, como dirias tu. E se eu sou assim de especial é para ti e por ti. Tu me fazes assim. Te amar nao me deixa outra alternativa. A vontade que tenho de ficar velhinha ao teu lado me faz ter a paciência de alguém de oitenta anos, e me deixa segura de que, o hoje nao ainda, mas o amanha – quem sabe? - é nosso. Eu sei. Tu sabes. Basta, pois.
Eu acho que o dinheiro deveria se recusar a querer limitar o nosso plano de viagem de volta ao mundo... O Taj Mahal ia gostar de ver a gente ali. Os jardins em volta da glamourosa Torre Eiffel transformariam a grama verde em tronos ornados para que a gente descansasse. O Cristo Redentor iria, de tao simpático, fechar os braços pela primeira – e talvez única – vez em sua história. Fechar os braços para abraçar eu e você. Deveria ser assim... Mas nao é de todo mal que nao o seja. Porque por fortuna minha e tua, meu bem, tanto eu quanto você, sabemos lutar com valentia para transpor os limites que tentam transformar os nossos sonhos em vento. E sabe que mais? Eu acho também que essa gente opaca de alma, que respeita mais as etiquetas do que o amor em si, deveria se envergonhar junto com o dinheiro, as estradas e esse punhado de coisas chatas. E deveriam amar assim bonito também. Amar colorido. E eu nao falo de arco-íris. Falo de paz. E todos já sabem que tu és (a) minha. Eu (a) tua. Me disseram noutro dia que Deus tinha se chateado, e que Ele tinha outra pessoa para mim. Mas Ele depois disso me contou que nisso nem Ele mesmo crê, e que melhor por mim Lhe seria impossível. A grande questao, meu amor, é que eles ainda nao viram a felicidade que irradia quando tu caminhas ao meu lado na rua quando vamos caminho à um lugar tao banal quanto à um supermercado. Eles nao sabem que somos uma soma exata. Eles nao entendem, e pode ser que nunca venham a entender. Mas, pergunto-lhes: se é mesmo Deus quem move e controla tudo, estando contra isso, quem estaria abrindo tantas portas, todas ao seu tempo? Me diz, por favor, quem é, porque eu preciso ser grata. Ninguém sabe dizer ao certo. Por isso eu sou grata à tudo, a todos. À todo e qualquer apoio. Gracias! Por isso eu oferto sorrisos aos ares e coraçao contrito aos dias de céu azul. Por isso me levanto todos os dias, com sono e com os pés ainda moídos dou o meu melhor. E o meu chefe fica sorrindo. Ele nao sabe que eu penso em ti quando a neblina vem, para poder ver o sol brilhar outra vez. Ele nao sabe que por amor aos nossos planos eu sobreponho o meu orgulho quando ele grita e eu me calo em lugar de jogar a toalha. Por isso saem rosas da minha boca sempre que me perguntam por ti. E sigo o meu caminho sendo o melhor que eu posso, porque eu preciso ser grata. Eu preciso ser grata.
E acho que as pessoas deveriam amar mais, e que o amor fosse de fato mais importante em categoria do que o orgulho, o ego, o cansaço e coisas do tipo, mas sem demagogia. Ou que pelo menos tentassem, entende? Fácil nao, é, eu também sei; mas no princípio. E as coisas mais difíceis no pricípio costumam deixar um gostinho bom de recompensa na boca.
Só que eu nao vim aquí ensinar nada a ninguém. Descobri que vim à esse mundo para aprender, e pra te encontrar, e te amar, e aprender a te amar melhor a cada dia. Tal como tu mereces.
Enquanto isso vou tranbordando teu nome e teu cheiro pelo caminho onde eu passo. E nele nascem jasmins, sorrisos e girassóis.

Minha casa grita teu nome.
Vem.

ME SINTO ESTUPIDAMENTE FELIZ!


Por Dani Cabrera

sábado, 29 de mayo de 2010

Sobre Escaladas...

Todos os dias subo correndo a colina com os tijolos da nossa casa nas mãos, um à um. No fim do dia me deito nessa cama de menos de metro e meio, que nos cabe perfeitamente, e ouço a tua voz, descanso todo o feliz cansaço de poder fazer o-nosso. Respiro ofegante e sorrindo porque é por nós, amor, porque a sorte sorriu pra mim outra vez desde o dia que te encontrei. Dessa vez ela sorri pros nossos planos e não somente pra mim e pra ti. Sinto-me abençoada pelos céus e pela terra, pela vida, e por tudo mais que possa abençoar. Tu não es o meu segredo. És parte de mim, minha metade até então perdida no outro lado do Atlântico. Estarei chegando enquanto tu cantas, enquanto sonhas comigo do teu lado.
Tenho as mãos marcadas, meu bem, de poeira, arranhadas, porque a primavera deu flores e eu ando colhendo todas as que encontro no meu caminho. Tenho o peito latejante de tanto-tanto esperar pelo momento em que no fim do dia estará tudo em paz. Você e eu ali. Me caso contigo todos os dias, desde o dia que tu me reconheceste. Me apaixono por ti de uma maneira nova a cada vez que desperto.
Desço correndo, fazendo metade do tempo do trajeto que preciso percorrer como se tivesse asas. Encaixo as peças com o cuidado de que os nossos caminhos sejam apenas um, ainda que Madrid e La Coruña sejam cidades distantes. No meu peito eu te acompanho. Entro contigo em Metro Princesa enquanto te sirvo um licor em Archer Milton Huntington. Por isso eles não entendem o porquê de eu rir sozinha às vezes. Eles nunca entendem meus ímpetos... Vou vivendo uma vida à la Amelie Poulain, sonhando com o dia que Nino entrará pela porta com o pão para a cena nas mãos. Fechando os olhos pra te imaginar pisando o meu tão amado chão de terra e samba. O futuro eu já sei. Enquanto ele não vem eu continuo subindo essa parede de pedra ate que seja topo. Te quiero.

Por Dani Cabrera

No me importa el náufrago, mi fortuna está en llegar mientras alguien canta. Hoy nadé otra vez mientras tú cantabas. (Najwa Nimri)

martes, 4 de mayo de 2010

Confissões de Um Sábado à Noite

Eu me sentei na esquina da tua rua pra sonhar um futuro bonito.
E caminhei sozinha por ruas que caminhamos juntas pra tentar trazer você de volta. Eu passei na porta da tua casa e esperei você aparecer na janela da sala, mas você não estava ali. Eu te procurei nos bares de meia luz da cidade velha e você não estava sentada em nenhum deles. Você estava aqui, dentro. Tu estás sempre comigo.
O sol chegou depois de eu tanto me esforçar pra acreditar que ele um dia viria. Ele chegou. O sol sempre esteve aqui, era eu quem não estava. Tu estavas. Eu estava, mas precisava desejar. E digo desejar com força, desejo carregado de desejo. Eu precisava saber te amar como mereces. Eu te amo. Como mereces, tal qual. Tenho sede de ti. Ando pelos dias desejando-te como o peregrino que deseja água. Desejando-te. Desejando. Penso em ti desde que desperto até a hora de dormir, em paz. Pacientemente. Como o arquiteto que olha as paredes de tijolo cru e vê seu projeto já concluído. Sem pressa, trabalhando melindrosamente, mas com o coração ansiando que os meus olhos te vejam todos os dias até o dia que eles não puderem mais se abrir. É o nosso momento, meu amor. O nosso.

Te espero!!!
Vem.


Por Dani Cabrera


Gritaré, gritaré hasta perder la voz.
Y gritaré, gritaré hasta llegar a tí.

(Najwa Nimri)

domingo, 25 de abril de 2010

Pra Você Que Eu Amo

Sou uma coleção de marcas tuas, meu bem. Tu não refletes nos meus olhos só ao estar diante de mim. Eu sou você refletida quando não estás aqui, e o meu riso delata que eu encontrei o amor, e não um amorzinho desses qualquer, dessas paixõezinhas baratas que a gente vê enlouquecer as pessoas por mundo afora. O que eu encontrei, senhores, não foi um amor desses melodramáticos, de murros e beijos, de perdas e danos. Ainda bem que não... O amor que eu encontrei é um amor de certezas, de paciência, de bondade. De confiança de que é em mim que tu pensas quando te deitas, mesmo que a tua cabeça descanse 600 quilômetros longe do meu peito. É um amor que me agita por dentro só em pensar que tu estás chegando, e é tão gostoso isso de saber que o tu também ferves por dentro no mesmo momento e pelo mesmo motivo que eu. Não há sensação melhor do que sentir o teu abraço ao meu redor. O mundo anda mal, meu bem, a crise anda enlouquecendo as pessoas. Tem um montão de gente desistindo todos os dias. Sim, os tempos são maus para a lírica, já dizia aquele grupo que você tanto gosta. Não é fácil tragar esse vinho amargo que as circunstâncias nos proporcionam, mas não amargamos não. Não desistimos não. Porque tu não estás só. Em todo esse universo, nessa vida ou em qualquer outra, no bom e no mau, eu estou contigo. Eu não estou só, porque tu estás comigo. Tá tudo bem então. Vejo gente desesperada, buscando qualquer coisa interessante que possa fazê-los seguir adiante, gente que perdeu a fé, sabe, meu amor? As pessoas andam cansadas de tanto fazer girar essa roldana ingrata que no fim das contas não te dá nem um obrigado. Às vezes pesa demais essa roldana, meu bem, porque eu também a giro. Mas quando eu lembro de você tudo fica mais leve. Eu tenho motivos pra não parar de girá-la, de continuar na briga. E quando não estou pensando neles alguém sempre vem e me diz que a minha cara denuncia que por aqui tá tudo bem. E esse bem se chama... tu. Simples assim. São as marcas tuas espalhadas pelo meu corpo inteiro, como tatuagem por dentro e por fora da minha pele. Foi você quem mudou o meu perfume, e me faz exalar essa coisa tão positiva, e eu te agradeço por isso, te amo por isso, te quero cada vez mais por isso.

Por enquanto, a primavera vai cobrindo toda a Galicia de poeira amarela, e eu vou ensaiando baixinho nesses três metros quadrados, que temos que ir a comprar porque a geladeira anda vazia das minhas bobagens e da tua comida sã. Mas sem que ninguém escute. Tem gente que não entende o que é sonhar... Melhor guardar esses meus delírios pra mim mesma.
Termino assim, como quem não termina.

Te amo. Te espero todos os dias.

A tua,

Dani.


miércoles, 7 de abril de 2010

Agora que tu vais outra vez,

...o que resta é a sensação da tua caricia no meu rosto cheio me memórias tuas. Quando me olho no espelho é de ti que eu me recordo. Fica a minha cama marcada pelo teu corpo, as paredes do meu quarto ecoando a tua voz e a minha expectativa inocente de que a qualquer momento o interfone vai soar e vai ser você dizendo que não precisas mais ter que me deixar aqui. De que vai ser você lá embaixo dizendo pra eu descer correndo, só com a roupa que levo no corpo, e que o necessário não são as coisas que eu poderia querer guardar numa maleta, que já basta a nossa vontade somada de estar juntas ate que a vida seja fim. Mas não é assim. Hay que tener paciencia, cariño, e não saltar as etapas. É preciso seguir lutando e acreditando que esse é o preço que há de ser pago pela tranqüilidade que está a caminho.
O tempo se para aqui. Agora que tuas malas estão feitas, e Madrid te espera outra vez.
Te espero.

*

Ojalá me salieran alas mientras el fuego consume el pitillo y su humo llena de baile el aire de mi habitación. Ojalá me salieran alas y pudiera volar hasta donde la carretera no fuera el puñal en el pecho, hasta donde no hubiera ese hueco inmenso entre tú y yo. Ojalá pudiera pararte antes que cogieras el autobús que se te me lleva.


Por Dani Cabrera


Revolvió su calor con su voz, con leche y azúcar, se lo dio a beber. Moldeó el corazón, la razón, con unos besos, de ron y miel. Horneó con su aliento su pelo, y caramelo parecía al terminar, y quiso saborear, la masa de su pan. Escríbele canciones, envíale tu voz donde él esté. Nadando por su almohada, le vino a visitar en sueños él. La vino a revolver, y se dejo hacer... Estampidas en la tierra, el cielo iba tiñéndose marfil. Porque brotó en torrente el verbo y las ganas de sentir. Y pudo saborear la masa de su pan. (Revolvió, Bebe)


*Foto. Calle de las flores, La Coruña.

jueves, 11 de marzo de 2010

Mais Uma De Amor

O teu amor encheu o meu peito num momento em que o queriam transformar em um jarro vazio, por pura maldade. Te encontrar foi como descobrir uma fonte de águas no ponto mais seco do deserto mais quente que eu já ousei atravessar. Fechei meus olhos pra descansar debaixo de uma sombra qualquer e vi cores, tantas cores, mais de sete, e decidi me levantar pra te dizer que o teu amor trouxe graça pro meu mundo até então preto e branco, feito curta-metragem dos anos trinta, som de fita rodando no projetor e Al Bowlly cantando “Heart and Soul”, apaixonado por qualquer coisa, mas sem amar em paz. Foi contigo que aprendi que amor é sinônimo de paz. Teu amor abriu os meus olhos pras coisas que eu também posso querer, e eu já não penso mais em histórias-pra-não-dormir. Vou com força, vou em frente, por mim e por ti sem desistir.
O teu amor me curou da dor, da insegurança e da fobia de estar só, e quando eu olho pros próximos anos eu vejo você parada na minha direção e sorrindo pra mim, dizendo que tudo vai ficar bem.
É o teu amor me faz confiar em ti.
Deve ser por isso que toda vez que penso em ti, sinto esse cheiro de alecrim, louro e flor de laranjeira, cheiro de coisas felizes, de dias de sol, manhã de abril. E deve ser por isso também que ainda hoje sinto como se mil borboletas levantassem vôo no meu ventre quando te vejo ou te sinto chegar, como na primeira vez. Por isso eu prefiro lutar contra o meu e o teu sono, ainda que cansada, por ter umas horas mais olhando esses olhos e esse sorriso que desafortunadamente demorei 25 anos pra encontrar, mas que afortunadamente encontrei entre placares num saguão de um aeroporto lotado. Agradeço à sorte, ao destino, à Deus, aos trevos de quatro folhas, aos anjos, ao universo, ou a quem quer que tenha sido tão legal comigo à ponto de trazer você pra mim, a ponto de me fazer entender que algumas vezes a gente vai deixar de acreditar, mas que existem muitas coisas que não são mito, são reais mesmo, e uma delas ainda é o amor. E sempre será, porque sempre foi.
Diz pra mim que a dor de não ter o teu rosto todos os dias quando desperto é momentânea e não chores nunca mais por eu ainda não poder ficar. Beija os meus olhos com essa tranqüilidade que vem de ti e me inunda, aperta o meu corpo contra o teu e sorri pra sorte, meu bem. Porque aqui não precisamos mais esperar que seja o vinte e um de março.
A nossa primavera já chegou.

És o meu amor,
A minha paz.

Por Dani Cabrera



"Quem poderia prever que você pudesse me amar?".
(Volver - Pra Deus Implorar)



PD. Fíjate de la chaqueta del que lleva las flores a ver si te suena... ; )

jueves, 11 de febrero de 2010

Pra Desafogar

Não sei se descer as escadarias desse edifício e ir sem rumo já que não estás aqui, até que essa grandeza deixe de me sufocar. Não sei se permanecer aqui, tomando assim uma decisão maquiada de autocontrole pra te ligar e frear metade dessa sede que tenho, me limitando a dizer apenas que sinto muito a tua falta, especialmente hoje, misteriosamente mais hoje do que ontem, a ponto de querer descer essas escadarias correndo e sair pelo portal pra não ir a lugar nenhum, também porque no meio desse vilarejo não há nada além de espaços vazios de ti, rumos sem sentidos, mas ir em frente pra me afugentar desse medo bobo que eu às vezes sinto dessa coisa que você plantou em mim e que só faz crescer, crescer, crescer e me consumir, e me consome de uma maneira tão curiosa, porque não consome no sentido de acabar, entende?, consome aumentando como se fosse uma espécie de levedura, amor fermento ou sei lá o que. Eu não pedi um vilarejo sem ti. A capital sem ti não tem a mínima graça. Que se dane arquitetura de dois ou seis séculos atrás, eu não estou nem ai pra pra nada disso agora que eu descobri que a vida é tão breve e que os ponteiros declararam uma guerra secreta contra a nossa chance de viver uma vida legal e sentir essa coisa boa que a gente por muito tempo acreditou que só existia nos filmes ou maqueteada na infinidade do espaço que há entre esses que no dia de San Valentin, vão ofertar chocolates recheados de fel e rosas congeladas às suas respectivas vitimas de abusos sentimentais. Pratos preparados pra saciar qualquer necessidade presente, e depois boa noite se restar, vira pro lado e dorme com um quase muito obrigado entalado na garganta. Faltaria mais! Porque amor não dói a dor da ofensa, e tu me ensinaste isso quando começaste a me amar também. O que dói as vezes é quando o coração aperta de vontade de te engolir inteira, te envolver, uma vontade de nos desmontar e montar tudo de uma forma que sejamos tu e eu uma só coisa entranhada, unida. Falta de ar outra vez. Respiro & relaxo & retomo o controle. Sorrio grande, amplo. Acho que esse deve ser o tesouro que o pessoal anda buscando. Acho que isso deve ser felicidade.


Por Dani Cabrera

jueves, 28 de enero de 2010

Gracias Por Venir

Grita meu nome e me diz “vem”.
Me diz coisas sobre a imensidão dessa cama de noventa, e que não agüentas mais olhar pro céu todas as vezes que ouves um avião passar, pra fantasiar que seria tão bom que ele me estivesse levando para ti, e imaginas teu coração disparar pelos passos corridos até o saguão de Barajas e esperar por alguém que no final não chegou. Enquanto eu aqui fico acordando pela manhã, refazendo teu caminho mentalmente, imaginando a sorte que tem aquele marroquino que te cumprimenta todos os dias ao te ver passar, e como toda a Gran Via e o teatro municipal se tornam mais bonitos quando tu passas diante deles, como se banhassem em cores e recebessem um foco de luz tão forte quanto o farol da Torre de Hércules. É como se tu mudasses os caminhos por onde andas. E eu sei que você vai dizer que é um pouco de exagero meu, e que faço uso poético, mas é que te imagino assim, porque desde o dia em que chegaste a minha escuridão também se encheu de luz. O que estava morto voltou a viver e o meu pessimismo crônico passou a receber injeções de otimismo concentrado.
Eu tenho que confessar que depois que o vento passou sem dó e eu caí do pé, deixei de acreditar nessa coisa de amor, e mesmo sustentando um discurso de que sim, não - eu já não acreditava mais. Nessa época o amor pra mim significava dor, desprezo, um dar sem receber. Pensava que não era coisa pra mim, e não porque eu não pudesse dar, mas porque eu deixei de acreditar que houvesse alguém que eu pudesse amar e que pudesse me amar também. Até que tu chegaste e eu te ouvi dizer pra eu começar a me acostumar com a idéia de ser amada também. Portando-se feito fosse minha recompensa.
Ah, se eu soubesse que quando eu plantava dor era pra colher você!
Diz pra mim que sabes que a minha sede se sacia à tua beira.
Diz que sou tua, só tua e de mais ninguém. Senta e come, porque valeu a pena preparar um banquete mesmo sem saber se tu chegarias ou não. Chegaste. Sacia-te pois.
Eu também não imaginava que era assim tão bom e tão sereno ao mesmo tempo. Eu que passei a quarta parte de um século contemplando a sorte, hoje sinto que ela me contemplou também.
És a resposta que eu tive da vida quando a desafiei sobre se valia à pena seguir acreditando nisso que eu chamava fábula, e que hoje enche o meu peito, como se em mim batessem mil corações.


Por Dani Cabrera


"Me leve com você. Ir pra todo lado só te trouxe até aqui. Vou pra qualquer lugar, sei que você também. Acima da chuva vou decolar. Quero viver sempre em paz sem fim. Acorda, acorda. Vem me ver, desce aqui estou só. E o céu já vai abrir... ".
(Volver, Acima da Chuva)



Prepara um abraço apertado que eu estou chegando! : )

lunes, 18 de enero de 2010

Sorte, Sorte, Sorte

Já me acostumei com a tua voz e o teu riso rouco, o teu beijo, a textura da tua pele na minha e com ver-te sempre sorrindo pra mim quando acordas.
Me acostumei também com teus eventuais azedumes, teus dias tempestuosos, ácidos, dias que acontecem pra qualquer pessoa, por mais encantadora que ela possa ser.
Tenho aprendido sobre alguns dos teus limites, teus métodos, teus gostos e tuas manias, e tenho me apaixonado um pouco mais a cada dia por cada uma delas.
Me acostumei a lembrar do teu rosto toda vez que escuto alguém dizer a palavra Amor... E a sorrir também, mas nem sempre deixo que percebam. Já me acostumei com a tua cabeça apoiada detrás do meu ombro na hora de dormir, com o teu bife mal passado, teu yogurt de baunilha e um cigarro depois. Me acostumei a ser o teu par, tua cúmplice, o teu amor, tu niña, a tua morena. A correr pras estações pra te buscar, a colecionar dezenas de horários de vôos, e ônibus e trens guardados numa caixinha onde tenho guardadas um monte de outras coisas sobre ti.
Me acostumei com tanta coisa, meu bem, mas essa noite vai ser tão difícil dormir sem ti, porque ainda não me acostumei, e na realidade não pretendo me acostumar, com a idéia de ter que estar sempre-sempre me despedindo de ti, sempre de mãos atadas e tendo que te ver voltar pra dura Madrid, e permanecer aqui, levando a vida, esperando pelo dia que possas regressar outra vez.
Tenho que confessar que dói sim, senhores, mas que na verdade doeria muito mais não ter dela todo o amor que tenho. A dor que mata é a dor do desamor. Mas essa não mata, me faz querer viver.
Porque eu sei que eu vou guardada dentro de ti por onde você for, guardada como se fosse uma obra de arte dessas bem valiosas, e tu meu amor, tu aqui vais ficar, a tua marca e o teu espaço na minha cama, teus passos nas escadarias do prédio, o cheiro dos teus cabelos no meu travesseiro, a casa e meu peito cheios, inundados de ti. Submersos em ti e na falta que fazes. Porque quando não estás aqui o frio é de morte. E se antes eu não tinha assim tanta razão pra querer conseguir algo, hoje eu tenho um sonho, e sonho em estar em paz ao teu lado, sem a maldade desses - agora - 600 insuportáveis quilômetros que me detonam toda vez que tenho que voltar pra casa sem ti. Esses terríveis 600 quilômetros que estão me injetando esperança e força pra que no próximo outono os estilhacemos em cacos bem pequenos, e que tudo esteja bem.
Desejo-nos sorte. Deseje-nos sorte também.
E diz pra mim que tu também sonhas com isso e me enche assim de ânimo pra lutar ainda mais pela possibilidade que existe, mas que eu sei que não vai ser tão fácil de conquistar.
Sonho tem peso de sonho, e tudo que é bom, pra ser conseguido precisa ser batalhado, por isso eu não vou parar, não vou desistir.
Diz pra mim que acreditas tanto quanto eu pra que eu siga acreditando também, me diz que vamos conseguir, e que haverá um bom futuro e que ele é nosso.

Vou atrás dele.
Vem comigo?


Por Dani Cabrera


"Estoy cansada de verte y no puedo, cansada de quiero y no debo, cansada de Dios. Y no ves que es terrible amanecer sin huellas de tu piel en mi piel? No me crees es posible que te encuentre cuando duerma". (Lantana, En Un Sueño)

viernes, 8 de enero de 2010

Prosa da Toda Prosa

Eu gosto de dizer que te amo mesmo sabendo que pra ti já não é novidade, e gosto também quando sem ter a mínima dúvida disso tu ainda me perguntas. Eu gosto de saber que me amas do tamanho de um avião, de um transatlântico, do sol visto da metade de caminho e mais um quilômetro, pra não queimar.
Eu gosto de beijar teus olhos, sorrir pra ti sem ter motivo aparente e te ver sorrindo pra mim também sem motivo aparente pra quem vê de fora. Mas eu sei porque sorrimos. E tu também o sabes. Eu gosto de despertar pra te ver dormir, mesmo que tenha muito, mas muito sono: te ver descansar me faz descansar também, me enche de paz, me faz sentir como se o dia tivesse terminado da maneira mais correta que poderia terminar. Eu gosto de estar do teu lado, de andar ao teu lado, e de te abraçar pra nos proteger do frio sem dó dessa cidade que creio que estou aprendendo a gostar mais ainda por saber que guardam marcas dos teus passos debaixo das poeiras dos meses e meses sobrepostos.

Eu me sinto feliz contigo, a mulher mais feliz do mundo quando fechas os teus olhos e a tua voz diz todas as coisas que o teu corpo quer dizer, e que você sabe que eu adoro ouvir. Eu gosto quando sobre mim descansas, te recompões. Te abraço forte pra que sejas completa, beijo a tua testa pra demonstrar todo o meu carinho, te ofereço o meu peito pra que descansasses no teu sono e me sinto radiante assim.
Eu coleciono horas pasmando e olhando os teus olhos grises, ora verdes, outrora azuis e gravo o teu rosto na minha memória porque ainda vivemos dias que temos que aceitar a despedida.
Eu abracei as tuas costas e beijei a tua nuca, eu te passei o cinzeiro e ouvi as tuas historias, teus pontos de vista, tuas conclusões. Eu leio teus livros e as tuas anotações de lápis me parecem mais interessantes do que a própria historia; eu me perco em ti.
Eu me apaixonei por ti, meu bem, e me apaixonei por todo o teu mundo.
Eu finjo pra mim mesma que o tempo passa rápido e trato semanas como quem trata horas só pra não doer, mas se dói, quando te vejo tudo já fica bem outra vez.
Eu vou ao teu encontro ainda com o coração saltando de alegria, as mãos suando e a barriga congelada por dentro, e ao te ver, o resto do mundo perde a toda a importância no mesmo segundo.
Eu estendi tuas roupas ao lado das minhas no varal da minha casa e me senti tão segura, e achei tão bonito isso, mas me calei.
Eu me sinto tranqüila porque o nosso partido não é um coração partido, e a nossa novela não é um dramalhão mexicano, cheio de dores e golpes, de mentiras, de malícias. E eu peço à sorte que os nossos ânimos nos conservem assim.
És a minha sorte, és o meu desejo de ser a melhor pessoa que eu possa ser, e também és pra mim a melhor coisa que tenho. Entraste em mim e curaste cada uma das feridas que de noite vinham transformar meu travesseiro em pedra.
Eu gosto tanto de saber que vivo em ti e tu em mim.
Eu gosto tanto de ti...


Por Dani Cabrera


"No me cansaría de decirte, nunca, que eres tu toda mi fortuna. No me cansaría de adorarte, siempre en esta vida. Haria lo que fuera por tu compañia, siempre, siempre, siempre... A tu lado quiero estar... Si estamos juntos que más dá? Tu y yo es mas que suficiente". (Lantana, Siempre)


PS.: Postagem nova no outro Blog.
Não, não foi desativado! Aí vai o link: O Que Eu Não Disse

Feliz 2010 para todos! Muita força e coragem pra todos nós. ; )

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...