jueves, 28 de enero de 2010

Gracias Por Venir

Grita meu nome e me diz “vem”.
Me diz coisas sobre a imensidão dessa cama de noventa, e que não agüentas mais olhar pro céu todas as vezes que ouves um avião passar, pra fantasiar que seria tão bom que ele me estivesse levando para ti, e imaginas teu coração disparar pelos passos corridos até o saguão de Barajas e esperar por alguém que no final não chegou. Enquanto eu aqui fico acordando pela manhã, refazendo teu caminho mentalmente, imaginando a sorte que tem aquele marroquino que te cumprimenta todos os dias ao te ver passar, e como toda a Gran Via e o teatro municipal se tornam mais bonitos quando tu passas diante deles, como se banhassem em cores e recebessem um foco de luz tão forte quanto o farol da Torre de Hércules. É como se tu mudasses os caminhos por onde andas. E eu sei que você vai dizer que é um pouco de exagero meu, e que faço uso poético, mas é que te imagino assim, porque desde o dia em que chegaste a minha escuridão também se encheu de luz. O que estava morto voltou a viver e o meu pessimismo crônico passou a receber injeções de otimismo concentrado.
Eu tenho que confessar que depois que o vento passou sem dó e eu caí do pé, deixei de acreditar nessa coisa de amor, e mesmo sustentando um discurso de que sim, não - eu já não acreditava mais. Nessa época o amor pra mim significava dor, desprezo, um dar sem receber. Pensava que não era coisa pra mim, e não porque eu não pudesse dar, mas porque eu deixei de acreditar que houvesse alguém que eu pudesse amar e que pudesse me amar também. Até que tu chegaste e eu te ouvi dizer pra eu começar a me acostumar com a idéia de ser amada também. Portando-se feito fosse minha recompensa.
Ah, se eu soubesse que quando eu plantava dor era pra colher você!
Diz pra mim que sabes que a minha sede se sacia à tua beira.
Diz que sou tua, só tua e de mais ninguém. Senta e come, porque valeu a pena preparar um banquete mesmo sem saber se tu chegarias ou não. Chegaste. Sacia-te pois.
Eu também não imaginava que era assim tão bom e tão sereno ao mesmo tempo. Eu que passei a quarta parte de um século contemplando a sorte, hoje sinto que ela me contemplou também.
És a resposta que eu tive da vida quando a desafiei sobre se valia à pena seguir acreditando nisso que eu chamava fábula, e que hoje enche o meu peito, como se em mim batessem mil corações.


Por Dani Cabrera


"Me leve com você. Ir pra todo lado só te trouxe até aqui. Vou pra qualquer lugar, sei que você também. Acima da chuva vou decolar. Quero viver sempre em paz sem fim. Acorda, acorda. Vem me ver, desce aqui estou só. E o céu já vai abrir... ".
(Volver, Acima da Chuva)



Prepara um abraço apertado que eu estou chegando! : )

lunes, 18 de enero de 2010

Sorte, Sorte, Sorte

Já me acostumei com a tua voz e o teu riso rouco, o teu beijo, a textura da tua pele na minha e com ver-te sempre sorrindo pra mim quando acordas.
Me acostumei também com teus eventuais azedumes, teus dias tempestuosos, ácidos, dias que acontecem pra qualquer pessoa, por mais encantadora que ela possa ser.
Tenho aprendido sobre alguns dos teus limites, teus métodos, teus gostos e tuas manias, e tenho me apaixonado um pouco mais a cada dia por cada uma delas.
Me acostumei a lembrar do teu rosto toda vez que escuto alguém dizer a palavra Amor... E a sorrir também, mas nem sempre deixo que percebam. Já me acostumei com a tua cabeça apoiada detrás do meu ombro na hora de dormir, com o teu bife mal passado, teu yogurt de baunilha e um cigarro depois. Me acostumei a ser o teu par, tua cúmplice, o teu amor, tu niña, a tua morena. A correr pras estações pra te buscar, a colecionar dezenas de horários de vôos, e ônibus e trens guardados numa caixinha onde tenho guardadas um monte de outras coisas sobre ti.
Me acostumei com tanta coisa, meu bem, mas essa noite vai ser tão difícil dormir sem ti, porque ainda não me acostumei, e na realidade não pretendo me acostumar, com a idéia de ter que estar sempre-sempre me despedindo de ti, sempre de mãos atadas e tendo que te ver voltar pra dura Madrid, e permanecer aqui, levando a vida, esperando pelo dia que possas regressar outra vez.
Tenho que confessar que dói sim, senhores, mas que na verdade doeria muito mais não ter dela todo o amor que tenho. A dor que mata é a dor do desamor. Mas essa não mata, me faz querer viver.
Porque eu sei que eu vou guardada dentro de ti por onde você for, guardada como se fosse uma obra de arte dessas bem valiosas, e tu meu amor, tu aqui vais ficar, a tua marca e o teu espaço na minha cama, teus passos nas escadarias do prédio, o cheiro dos teus cabelos no meu travesseiro, a casa e meu peito cheios, inundados de ti. Submersos em ti e na falta que fazes. Porque quando não estás aqui o frio é de morte. E se antes eu não tinha assim tanta razão pra querer conseguir algo, hoje eu tenho um sonho, e sonho em estar em paz ao teu lado, sem a maldade desses - agora - 600 insuportáveis quilômetros que me detonam toda vez que tenho que voltar pra casa sem ti. Esses terríveis 600 quilômetros que estão me injetando esperança e força pra que no próximo outono os estilhacemos em cacos bem pequenos, e que tudo esteja bem.
Desejo-nos sorte. Deseje-nos sorte também.
E diz pra mim que tu também sonhas com isso e me enche assim de ânimo pra lutar ainda mais pela possibilidade que existe, mas que eu sei que não vai ser tão fácil de conquistar.
Sonho tem peso de sonho, e tudo que é bom, pra ser conseguido precisa ser batalhado, por isso eu não vou parar, não vou desistir.
Diz pra mim que acreditas tanto quanto eu pra que eu siga acreditando também, me diz que vamos conseguir, e que haverá um bom futuro e que ele é nosso.

Vou atrás dele.
Vem comigo?


Por Dani Cabrera


"Estoy cansada de verte y no puedo, cansada de quiero y no debo, cansada de Dios. Y no ves que es terrible amanecer sin huellas de tu piel en mi piel? No me crees es posible que te encuentre cuando duerma". (Lantana, En Un Sueño)

viernes, 8 de enero de 2010

Prosa da Toda Prosa

Eu gosto de dizer que te amo mesmo sabendo que pra ti já não é novidade, e gosto também quando sem ter a mínima dúvida disso tu ainda me perguntas. Eu gosto de saber que me amas do tamanho de um avião, de um transatlântico, do sol visto da metade de caminho e mais um quilômetro, pra não queimar.
Eu gosto de beijar teus olhos, sorrir pra ti sem ter motivo aparente e te ver sorrindo pra mim também sem motivo aparente pra quem vê de fora. Mas eu sei porque sorrimos. E tu também o sabes. Eu gosto de despertar pra te ver dormir, mesmo que tenha muito, mas muito sono: te ver descansar me faz descansar também, me enche de paz, me faz sentir como se o dia tivesse terminado da maneira mais correta que poderia terminar. Eu gosto de estar do teu lado, de andar ao teu lado, e de te abraçar pra nos proteger do frio sem dó dessa cidade que creio que estou aprendendo a gostar mais ainda por saber que guardam marcas dos teus passos debaixo das poeiras dos meses e meses sobrepostos.

Eu me sinto feliz contigo, a mulher mais feliz do mundo quando fechas os teus olhos e a tua voz diz todas as coisas que o teu corpo quer dizer, e que você sabe que eu adoro ouvir. Eu gosto quando sobre mim descansas, te recompões. Te abraço forte pra que sejas completa, beijo a tua testa pra demonstrar todo o meu carinho, te ofereço o meu peito pra que descansasses no teu sono e me sinto radiante assim.
Eu coleciono horas pasmando e olhando os teus olhos grises, ora verdes, outrora azuis e gravo o teu rosto na minha memória porque ainda vivemos dias que temos que aceitar a despedida.
Eu abracei as tuas costas e beijei a tua nuca, eu te passei o cinzeiro e ouvi as tuas historias, teus pontos de vista, tuas conclusões. Eu leio teus livros e as tuas anotações de lápis me parecem mais interessantes do que a própria historia; eu me perco em ti.
Eu me apaixonei por ti, meu bem, e me apaixonei por todo o teu mundo.
Eu finjo pra mim mesma que o tempo passa rápido e trato semanas como quem trata horas só pra não doer, mas se dói, quando te vejo tudo já fica bem outra vez.
Eu vou ao teu encontro ainda com o coração saltando de alegria, as mãos suando e a barriga congelada por dentro, e ao te ver, o resto do mundo perde a toda a importância no mesmo segundo.
Eu estendi tuas roupas ao lado das minhas no varal da minha casa e me senti tão segura, e achei tão bonito isso, mas me calei.
Eu me sinto tranqüila porque o nosso partido não é um coração partido, e a nossa novela não é um dramalhão mexicano, cheio de dores e golpes, de mentiras, de malícias. E eu peço à sorte que os nossos ânimos nos conservem assim.
És a minha sorte, és o meu desejo de ser a melhor pessoa que eu possa ser, e também és pra mim a melhor coisa que tenho. Entraste em mim e curaste cada uma das feridas que de noite vinham transformar meu travesseiro em pedra.
Eu gosto tanto de saber que vivo em ti e tu em mim.
Eu gosto tanto de ti...


Por Dani Cabrera


"No me cansaría de decirte, nunca, que eres tu toda mi fortuna. No me cansaría de adorarte, siempre en esta vida. Haria lo que fuera por tu compañia, siempre, siempre, siempre... A tu lado quiero estar... Si estamos juntos que más dá? Tu y yo es mas que suficiente". (Lantana, Siempre)


PS.: Postagem nova no outro Blog.
Não, não foi desativado! Aí vai o link: O Que Eu Não Disse

Feliz 2010 para todos! Muita força e coragem pra todos nós. ; )

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...