Grita meu nome e me diz “vem”.
Me diz coisas sobre a imensidão dessa cama de noventa, e que não agüentas mais olhar pro céu todas as vezes que ouves um avião passar, pra fantasiar que seria tão bom que ele me estivesse levando para ti, e imaginas teu coração disparar pelos passos corridos até o saguão de Barajas e esperar por alguém que no final não chegou. Enquanto eu aqui fico acordando pela manhã, refazendo teu caminho mentalmente, imaginando a sorte que tem aquele marroquino que te cumprimenta todos os dias ao te ver passar, e como toda a Gran Via e o teatro municipal se tornam mais bonitos quando tu passas diante deles, como se banhassem em cores e recebessem um foco de luz tão forte quanto o farol da Torre de Hércules. É como se tu mudasses os caminhos por onde andas. E eu sei que você vai dizer que é um pouco de exagero meu, e que faço uso poético, mas é que te imagino assim, porque desde o dia em que chegaste a minha escuridão também se encheu de luz. O que estava morto voltou a viver e o meu pessimismo crônico passou a receber injeções de otimismo concentrado.
Eu tenho que confessar que depois que o vento passou sem dó e eu caí do pé, deixei de acreditar nessa coisa de amor, e mesmo sustentando um discurso de que sim, não - eu já não acreditava mais. Nessa época o amor pra mim significava dor, desprezo, um dar sem receber. Pensava que não era coisa pra mim, e não porque eu não pudesse dar, mas porque eu deixei de acreditar que houvesse alguém que eu pudesse amar e que pudesse me amar também. Até que tu chegaste e eu te ouvi dizer pra eu começar a me acostumar com a idéia de ser amada também. Portando-se feito fosse minha recompensa.
Ah, se eu soubesse que quando eu plantava dor era pra colher você!
Diz pra mim que sabes que a minha sede se sacia à tua beira.
Diz que sou tua, só tua e de mais ninguém. Senta e come, porque valeu a pena preparar um banquete mesmo sem saber se tu chegarias ou não. Chegaste. Sacia-te pois.
Eu também não imaginava que era assim tão bom e tão sereno ao mesmo tempo. Eu que passei a quarta parte de um século contemplando a sorte, hoje sinto que ela me contemplou também.
És a resposta que eu tive da vida quando a desafiei sobre se valia à pena seguir acreditando nisso que eu chamava fábula, e que hoje enche o meu peito, como se em mim batessem mil corações.
Por Dani Cabrera
"Me leve com você. Ir pra todo lado só te trouxe até aqui. Vou pra qualquer lugar, sei que você também. Acima da chuva vou decolar. Quero viver sempre em paz sem fim. Acorda, acorda. Vem me ver, desce aqui estou só. E o céu já vai abrir... ".
(Volver, Acima da Chuva)
Prepara um abraço apertado que eu estou chegando! : )
Só pra falar que você escreve lindamente.. E eu adoro ler! haha.. E queria saber onde você consegue baixar lali puna, villeneuve, ms. john soda.. Eu não consigo achar! :/ beeijo
ResponderEliminarAh , você realmente escreve muuuuuuuito bem ! E eu de verdade adoro ler , teus textos são lindos... e bastante sinceros s2
ResponderEliminarAdoro mesmo o que vc escreve!
ResponderEliminarE esse ficou particulamente lindo, principalmente pra mim q já não acreditava muito no amor...
Gracias por venir!
beijos!
Oi Juliana!
ResponderEliminarBaixo tudo pelo ARES.
Bom, Villeneuve e Ms. John Soda não achei. Mas se quiser me passa teu mail que te passo os da Lali que eu tenho comigo!
Junylla e <>, muito obrigada! Obrigada pelas visitas, pelos comentarios... Sejam bem-vindas sempre!
Beijinho!
Em você, batem mil corações, não tenho dúvida.
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