martes, 20 de diciembre de 2011

Aurora Boreal



Agachou para tomar impulso e saltou decidida naquele abismo cheio de nada; com os olhos fechados, sem esperar mudar de planos, sem pretender nenhum socorro, nenhuma faísca mínima de fogo que a pudesse fazer re-acreditar, re-esperar, re-sonhar. 

Saltou sorridente - e apertou bem os braços contra o próprio corpo, para que nenhum clavo ardiendo a impedisse de chegar onde queria - enquanto o vento acariciava-lhe o rosto com golpes de lucidez, enquanto esperava o momento do choque com o fundo do nada: havia decidido desistir. 

Saltou e distanciava-se cada vez mais da superfície, perdeu-se entre a escuridão inerte, que observava tudo com olhos de "é só uma queda mais". Não pensava em nada além da possibilidade de despertar daquele pesadelo horrendo que vinha corroendo-a por dentro e por fora já faziam sete meses. Saltou decidida, repito, até que do alto daquele abismo no meio do deserto ouviu-se algo que esperava sem esperar. Alguien viene a por lo suyo. Até que se consumara ainda não era fim. E quando já havia saltado, desistiu de saltar, depois de ouvir aquela voz que supostamente não voltaria, mas que veio acompanhada de um braço comprido que a agarrou no ar e a livrou da queda. Voltou outra vez mais à luz. E ao ver aquele par de olhos grises, teve outra vez sede de vida.


Viniste con tus brazos largos
Me he agarrado en tus manos y vuelvo a estar aquí.
Del abismo ya no me acuerdo casi nada. 
Gracias por volver a tiempo. 
Sigamos, vivamos. Queda mucho por hacer.


Dani Cabrera

2019

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