martes, 26 de mayo de 2009

De Como Se Acompanham...

Todas as noites ela se esconde num lugar estratégico.
E ele se deita, suspira o cansaço do dia todo e pensa nela.
Ainda no escuro se pode notar que seus olhos reluzem iluminando o quarto inteiro, e brilham porque é como se ele a estivesse vendo dentro dos olhos negros da mocinha que tanto ama, e o cheiro dos cabelos compridos dela que sai de dentro das lembranças dele, e o adentra outra vez sem pedir permissão.
Era o tempo de ele se deitar pra que ela começasse a se mover como que em mágica, e ao fechar dos olhos dele ela entra em seus sonhos. Como num encontro marcado: ele que se preparava pro encontro das possibilidades e ela, escondida em algum lugar entre a fronha branca do travesseiro e o colchão, esperando-o - talvez ansiosamente – pro “grande encontro de todos os dias”.
A ultima expressão do rosto dele é a mesma que ele a encontra a cada vez que isso acontece: um sorriso cheio de todas as melhores coisas que ele tem dentro dele – um feixe de luz. Um sorriso cheio de todas as promessas que ele está disposto a cumprir caso ela possa ser só sua de uma vez por todas. E o silencio... De quem tem tanta, mas tanta coisa a dizer que o que mais conveniente é ficar calado e aproveitar tudo o que não se diz com voz.
Quando ela vem, senhores, ela arrasta atrás de si os aromas de todas as primaveras, mesclado ao cheiro de chuva quando cai em terra seca. Ela sempre surge por detrás dele como quem quer surpreender com o já esperado, e quando como pétalas ela o toca nos olhos, ele a reconhece. Quando ela vem, o coração dele se enche de alegria e cai por terra como se perdesse todas as forças – e vontade de resistência. Ele a ama sem pausas, sem pudores, sem reservas. E ela, é ela, e isso basta pra ele. Como som de música é a presença de um para o outro, como se dançassem no topo do mundo os dois se abraçam e lançam pedidos ao vento, pedem a quem possa fazer com que esse momento não se acabe.
Nunca mais.
Todas as noites eles se encontram em sonhos.
Todas as noites eles se apaixonam um pouco mais.

Acho que isso deve ser saudade...


Por Dani Cabrera


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida". (Clarice Lispector)

viernes, 8 de mayo de 2009

Do Que Se Acaba De Encontrar...

Era o corpo de um colado no corpo do outro.
Era o corpo de um, colado no corpo do outro - e ardendo.
Eram os corpos de ambos buscando um no outro a falta de algo que não se sabia onde encontrar – agora sim. Eram os beijos assim, disfarçados de beijos, numa busca de entender o que era vazio e que agora é transbordar.
Eram urgentes.
São urgentes porque entendem, senhores, que amor é a eternidade tentando caber numa vida tão breve. E que um segundo contava ao peso de milênios e milênios juntos. É como ter grãos demais pra pouco espaço de terra, ou uma simples regata para abrigar do frio de um inverno inteiro. É como ter flores e flores pra uma só primavera...
Por isso a pressa; e a sede do corpo de um no corpo do outro, o beijo urgente que não era beijo, mas a certeza de que tinham acabado de encontrar um no outro a parte perdida de ambos.

Quem dera houvesse tempo o bastante pra consumir tanto amor.


Por Dani Cabrera


"Beija eu, beija eu... Beija eu, me beija e deixa o que seja ser.
Então beba e receba meu corpo no seu corpo, eu no meu corpo - deixa,
eu me deixo. Anoiteca e amanheça...". (Marisa Monte)

2019

Echarte de menos en una tarde como esta, sabiendo que vendrás – que en un par de horas entrarás por la puerta de nuestra casa. Por aqu...