jueves, 25 de septiembre de 2008

Da Estação Interna

No total, o lugar parecia um pouco carregado.
Mas as seis horas chegariam, e depois as sete e sairia porta a fora. Saiu.

Lá fora um lugar diferente com um ar diferente, mas agora nem tanto assim: umas pessoas indo, outras vindo e o tempo passava pra algum lugar que eu não sei. Caminhava entre eles sorrindo pela estação mais colorida de todas que chegara do outro lado do mar - onde deixara seu coração - mas os outros pareciam não ter o mesmo motivo porque caminhavam na estação – também bonita – das folhas secas, dos céus cinzas e das roupas chiques: um preparo pro inverno.
Ia na rua de cabeça erguida e semblante de satisfação, como se fosse o dia de seu aniversário e o mundo inteiro planejasse uma festa surpresa que ele já havia descoberto, mas se mantinha em silêncio esperando a melhor parte. Tudo em perfeita harmonia, e eu não sei se porque realmente estava assim, ou era aquela tendência de que tudo fica sereno demais lá fora quando aqui dentro vai tudo bem. Um ¨bem¨ como aquele que sentiam com aquelas sensações que um causava ao outro: uns frios no estômago, uns sorrisos fora de hora, uns pactos que os fazia estar de mãos dadas mesmo à sete mil quilômetros de distância.

Catou nos bolsos algumas moedas, alguns centimos de euro, e parou na primeira cabine telefônica que avistou – gostava de fazer assim. Achava clássico, era meio bobo, dançava em seus passos feito Fred Astaire. Gostava de dizer sobre a criança que brincava na outra calçada, e como estava o céu, dizer dos velhinhos sentados nos bancos das praças tomando sol e das pessoas que se assentavam nas mesinhas dos cafés pra dizer ¨palavras de um futuro bom¨ – permita-me Flausino. Narrava coisa por coisa. Gostava de sentir como se estivessem juntos ali, no mesmo lugar. Era então os olhos de seu bem.
Discou aqueles pares de números que suas mãos poderiam discar até com os olhos fechados e pensou em cantar I just call to say I love you...,mas apenas sorriu baixinho quando ouviu aquela voz: esse foi o seu ¨alô¨.
Ai as saudades de sedes-desérticas!
Ai, o alívio quando se ouvem!
Quando do outro lado seu benzinho atendeu, foi como se mil estrelas se mudassem pra dentro dos seus olhos, e um panapaná despertasse em seu ventre... a saudade aumentava e diminuía ao mesmo passo e isso eu não sei explicar. Uns pares de novidades, umas palpitações, umas palavras doces. Os centimos se esgotaram mas quase satisfeito foi-se. Olhando pra cima e comprimentando até aos cãezinhos nas ruas. Sorria feliz. Sorria sincero.

Pelas ruas ia caminhando e vendo gentes e mais gentes, uns que só de olhar sabia que eram felizes, talvez assim como se sentia. Outros pareciam cansados demais pra toda essa baboseira de Amor – sim, a baboseira que o salvou dos dias preto & branco -, talvez tenham se cansado e marcado uma opção qualquer, de olhos fechados. Não sei...

Mas era primavera e isso de verdade importava, o primeiro dia da estação das flores.
E ia, agradecido por ter um amor de verdade em ruas de outono e de primavera interna.


E todas os Girassóis disseram amém! : )


Por Dani Cabrera

7 comentarios:

  1. "... tendência de que tudo fica sereno demais lá fora quando aqui dentro vai tudo bem...".
    Cada trecho do que você escreve aquece e acolhe a alma. Para aqueles que já encontraram um amor é muitíssimo bom saber que há outros seres apaixonados e apaixonantes vagando por aí. E para aqueles que ainda, infelizmente, não encontraram um amor (e)terno, essas palavras servem para mostrar que, sim, amor verdadeiro existe e é algo nobre é bom de sentir e dividir com alguém...

    Beijos, Dani. Fica com Deus!
    http://sarafc.zip.net
    http://fotolog.com/saraliebe

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  2. Dani, sempre que eu leio seus textos eu sinto uma paz imensa! adoro de mais o seu jeito de escrever com palavras simples textos tão lindos! =]
    eu até me inspiro pra escrever no meu!
    hehehe!
    beijoo!
    ^^

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  3. Oba!!! Postagem nova! hehe
    Lindo!
    Adoro a forma como escreve! Os detalhes que pra vc não passam despercebidos... O máximo!!! Apaixonante mesmo!
    Bjão!

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  4. ela é uma fofa, e você também!
    escreve muito bem, com amor :)

    beijo.

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  5. ...e quando os girassóis dizem
    amém, tudo o mais está certo.

    Tem um presentinho pra você,
    lá no blog.

    Beijo.

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  6. Não só girassol, mas digo amém tb! :)

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  7. "E ia, agradecido por ter um amor de verdade em ruas de outono e de primavera interna."

    fiquei sem palavras!
    Quanta sensilibilidade...
    PERFEITO!

    amei o blog.

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